sexta-feira, 22 de novembro de 2002

Sem perdão



Graça Salgueiro



Essa foi uma semana marcada por crimes hediondos, a maioria dos quais sequer foram tornados públicos pelos noticários dos jornais e televisão.



Na madrugada de domingo para segunda-feira, as FARC “justiçaram” 16 membros do grupo rival Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), cujos corpos foram encontrados pela Defesa Civil e Polícia da cidade de Chocó. Para esse bando criminoso que carrega nas costas mais de 30.000 assassinatos indiscriminados, dentre eles uma infinidade de crianças e religiosos, matar, simplesmente, não satisfaz; há que ter requintes de crueldade na maioria dos casos, como na explosão de um botijão de gás em uma igreja, onde 56 crianças pereceram dilaceradas, ficando alguns pedaços de corpos grudados nas paredes do templo. Com seus desafetos da AUC não foi diferente. Suas vítimas foram castradas e decapitadas sumariamente. O reconhecimento dos corpos só tornou-se possível, através dos braceletes com a sigla do bando que traziam nos braços.



Na manhã da quarta-feira, um ônibus explode em um bairro de Jerusalém. Em seu interior havia estudantes e trabalhadores. Gente inocente, que nada tem a ver com essa guerra estúpida e insana. O autor do crime-suicida, pertencente ao Hamas, planejou tudo, despediu-se do pai e do irmão que sabiam do seu intento e entrou no ônibus com uma enorme carga de explosivos, como se fora um passageiro comum, se dirigindo ao trabalho como os demais. Crianças despediram-se dos pais e entraram sorridentes no ônibus da morte, sem saber que aquele seria o último sorriso esboçado em suas curtas vidas.



Ontem foi dado conhecimento de um dos crimes mais hediondos de que já tive notícia. O canal de televisão 51 – TELEMUNDO – de Miami, apresentou a mãe de um jovem estudante sul-americano, cuja procedência não me foi confirmada, que chorava e pedia justiça para o bárbaro crime cometido contra seu filho, um jovem cristão de 21 anos, estudante de medicina em Cuba, chamado Miguel A. Vargas.



A mãe de Miguel, Glória Bastos, contou que o filho havia deixado uma mensagem gravada em sua secretária eletrônica, informando que estava tendo problemas com um negócio que pretendia fazer com um carro. Resolveu ir à delegacia denunciar as pessoas com quem estava negociando e foi encontrado morto, depois. Na gravação telefônica ele dá o nome dessas pessoas. A senhora Glória apresentou na televisão fotos de como lhe foram entregues os restos do seu filho e denuncia que quem o torturou e assassinou, deve ter conhecimentos médicos, pela forma como foram feitas certas incisões, e acredita que não pode ser obra de uma pessoa só. Ela fazia um carinho no rosto do filho e chorava, enquanto os telespectadores tomavam conhecimento de como esse rapaz foi morto.



Mas afinal, como foi assassinado Miguel? Todos os seus órgãos internos foram retirados, além dos olhos e cérebro. Seus testículos foram arrancados, bem como sua língua, e suas unhas de mãos e pés. A foto apresentada na televisão mostrava uma enorme e mal feita costura nas costas; no lugar dos olhos e vísceras colocaram algodão.



Alguém é capaz de imaginar o desespero e a dor dessa mãe? Ela diz que quer apurar os fatos e exige que o governo cubano seja responsabilizado por tal barbaridade, mas é uma pessoa humilde, visivelmente de poucas posses; será que ela consegue? Quem seria capaz de enfrentar um psicopata sanguinário como Fidel Castro, sem temer pela própria vida?



Esse caso não chegou ao Brasil nem deve chegar, tampouco vi noticiado em nenhum jornal latino-americano, sobretudo o Granma, noticioso oficial da ilha. Ninguém fala nada, ninguém responde às dúvidas e queixas dessa mãe. Esse tipo de crime é comum na China, um dos países com maior índice de torturas e desrespeito à vida humana do planeta. Cuba segue logo atrás e foi lá que fez escola.



Há dados que não chegam ao conhecimento do público e que têm relação com este caso. Cuba sobrevive, depois que perdeu os gordos subsídios da antiga União Soviética, de favores de outros países que são pagos com treinamento de guerrilheiros. Há “convênios” dessa natureza com a Venezuela, que lhe fornece petróleo em troca de “bolsas escolares” universitárias, para estudantes carentes, a maioria deles indígenas. Aviões são fretados e cerca de 200 a 300 jovens estudantes são levados à Cuba, felizes em seu sonho e na ilusão de que poderão graduar-se “gratuitamente”, a grande maioria, em medicina. A Colômbia também possui acordo semelhante, cujo pagamento é apoio bélico e treinamento aos guerrilheiros das FARC, membros do Foro de São Paulo, o mesmo ao qual pertence o futuro presidente do Brasil. A Bolívia também tem acordos dessa natureza e, recentemente o Brasil entrou nessa ciranda de apoios bilaterais, quando a UniverCidade (Faculdade da Cidade – Rio de Janeiro) assinou em setembro passado um acordo de cooperação entre os ministérios de educação de ambos os países.



Ocorre que aos estudantes é repassada a idéia de que é “um grande privilégio” estudar de graça num país cujo “nível de ensino é um dos melhores e mais avançados do mundo”. Chegando lá, entretanto, deparam-se com uma realidade bastante diferente. Os alojamentos são de péssima qualidade, sujos e infectos. Recentemente fui informada de uma epidemia de tuberculose entre os estudantes estrangeiros, em consequência da má alimentação e trabalhos forçados a que são submetidos. Os que se mostram mais renitentes ao credo revolucionário são privados de comida e “participam” dos campos de reeducação, onde trabalham na lavoura sem as mais mínimas condições de segurança e humanidade. Isso, aliás, é também uma prática empregada com crianças entre 5 e 15 anos, cujos pais são opositores ao regime castro-comunista. Alunos cubanos que ousam mostra-se contra o regime, são punidos, além dessas privações já citadas, com o não recebimento do diploma ao final do curso, ou expulsos das faculdades, como ocorreu agora, dia 19 deste mês, com três alunos que foram denunciados de ter assinado o Projeto Varela.



Miguel A. Vargas foi mais um desses jovens inocentes, cujo objetivo era tornar-se médico, graduado em uma boa faculdade sob os auspícios de um governante bom para com os pobres. As pessoas que o assassinaram ainda não foram identificadas (e talvez nunca sejam), mas pela forma inumana como aconteceu, justo depois de tentar denunciar alguém, não deixa muita margem de dúvida de onde partiu. Arrancarem-lhe a língua é simbolicamente, além da punição, o aviso de que não tem o direito de falar. Em Cuba, só o Psicopata em Chefe fala. Quem ousa contrariar-lhe, paga com prisão e torturas, ou com a vida.



Faço esse relato emocionada, lembrando das tantas vidas ceifadas barbaramente naquela Ilha do Inferno, porque quero deixar registrado aqui, para todo e qualquer jovem que sonhe com o “paraíso caribenho” e queira estudar numa dessas “melhores universidades do mundo”, que não caia nessa armadilha preparada pelos adoradores de um monstro sanguinário. Lá, só há miséria, escravidão e morte. É uma terra de mortos-vivos, onde os únicos bem vivos são protagonistas da morte, diária e silenciosa.



Que Deus acolha no Seu reino esse jovem cristão, mais uma vítima calada à força com a tortura e a morte e se apiade de sua pobre alma.



As notícias veiculadas hoje deveriam ter sido editadas ontem, dia 21, mas por problemas técnicos não foi possível retransmití-las. Preferi divulgar a mesma edição que fora preparada para ontem, considerando a gravidade das mesmas.



Continua o impasse na Venezuela. O mediador da OEA, César Gaviria, não parece demonstar muito empenho em resolvê-lo, sobretudo por ser colombiano e simpático às FARC, além de ter sido embaixador da Colômbia na Venezuela antes de ir para a OEA.



O jornal El Nuevo Herald nos informa, dia a dia, a crítica situação que atravessa nosso vizinho e, pelo que venho acompanhando, o delinquente Chávez está, junto com Gaviria, cozinhando a crise em banho-maria, até a tomada de posse do novo “ungido” da múmia assassina do Caribe, seu amigo e aliado Lula da Silva, que lhe dará mais força e poder.



Ainda nesta edição, a carta de um correspondente venezuelano acerca do movimento de desobediência civil, na ótica de quem está participando e se arriscando em nome da liberdade de sua pátria.



E como não podia deixar passar sem uma referência, as FARC fazem neste fim de semana que passou, 16 novas vítimas de sua inominável barbárie. Em confronto com o grupo paramilitar Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), um grupo guerrilheiro ultra-direitista que disputa com as FARC a liderança de espaços (e poder de fogo), 16 de seus integrantes são mortos, decapitados e castrados sumariamente. Não sou a favor de nenhum dos dois grupos, mas o que impressiona é o requinte de crueldade que caracteriza as FARC em suas ações, que não poupa ninguém: civis, militares, para-militares, crianças, idosos, clero. Não há nada que detenha a sanha assassina dessa escória. E imaginar que o “carro-chefe” da transição governamental é um forte defensor dessa sub-raça e que o novo presidente assinou um pacto de solidariedade com marginais dessa espécie, é qualquer coisa de assustador e inimaginável. E ainda há calhordas bastantes em nosso país que qualificam como delirantes àqueles que insistem em alertar sobre o risco que corremos todos com o “Eixo do Mal”. “Seu Marcito”, o lambe-botas mór do “ungido” e do psicopata assassino da ilha-cárcere tem-se mostrado incansável, nessa tarefa da desinformatzia...



PEDEM VIGOROSA REAÇÃO DA OEA PARA PARAR O CAOS NA VENEZUELA



Agência France Press – Washington



A Organização dos Estados Americanos (OEA) deveria aplicar vigorosamente a Carta Democrática Interamericana para evitar que a Venezuela caia em uma guerra civil ou se instaure um regime autoritário, afirmou ontem o vice-presidente do Diálogo Interamericano, Michael Shifter. “Uma vigorosa resposta às explosivas condições na Venezuela está mais do que justificada”, disse Shifter em um artigo de opinião no jornal The Washington Post.



”A polarização política e social tem posto o país à beira da paralização, do caos, e possivelmente de uma guerra civil, e é urgente que os demais membros da OEA, especialmente Brasil e Estados Unidos, ponham-se de acordo para exercer uma pressão construtiva para uma solução pacífica e democrática”, estimou o analista.



Para Shifter, os confrontos recentes entre ogverno do presidente Hugo Chávez e seus opositores, manifestam que a violência poderá crescer e facilmente ficar fora de controle, enquanto os Estados Unidos “queimado por sua torpe resposta à fracassada tentativa de golpe de estado de abril passado, insta a um compromisso”.



Para o Secretário Geral da OEA, César Gaviria, “é agora o único canal de comunicação entre as partes e representa a melhor opção para uma saída pacífica”, porém necessita de ajuda dos governos membros da OEA, entre os quais o Brasil é especialmente influente na Venezuela, apontou Shifter. Considerou, todavia, que o papel dos Estados Unidos é vital, e recomendou que Washington mobilize o apoio de outros governos e ponha seu próprio peso na balança para criar as condições para uma solução democrática na crise venezuelana.



”Se os Estados Unidos e outras nações do hemisfério não atuam mais afirmativa e construtivamente, a Venezuela poderá continuar deslizando para um confronto ou Chávez poderá consolidar um regime mais autoritário. Qualquer dos dois cenários seria desastroso”, concluiu.



TODOS À RUA



Ricardo Mitre



O regime quer expulsar a parada na provocação. Põem os tanques na rua, reprimem a população civil, de modo que Maduro reitera seu cínico chamado a negociar e um “reaparecido” Fiscal da República (?) se apressa em explicar que a intervenção da Polícia Metropolitana está “apegada” à Lei que foi invocada para fazê-lo.



O Tenente Coronel* maneja com os conceitos de Von Clauwsevitz como livro de cabeceira. Definitivamente nos declarou guerra. E se sabe, na guerra vale tudo. Nós somos o inimigo a aniquilar. Não importa se “na arte da guerra” há que se mentir, enganar ou reprimir. O regime não padece de cargas éticas nem de pesos nas consciências.



Tudo dá no mesmo: a mesa de negociação ou a repressão da Guarda Nacional, são apenas um recurso, um cenário no qual se desenvolve a contenda. Para o regime, tanto faz um discurso ou uma granada de gases lacrimogênios. A utilização de qualquer um dos dois, é um simples problema de funcionalidade.



Os delírios do Tenente Coronel: filho de Bolívar, irmão de Fidel, novo Che latino-americano, trata o país a patadas que em seu mandato estreou três milhões de novos pobres, que aplica políticas do mais cru neoliberalismo. . Não importa; ele a tudo ignora. A corrupção crescente, também. O país está no imaginário dos “iluminados”. O país virtual é o deles.



Não interessa, assim mesmo, que a PM tenha intervindo em nome da Não-Repressão e que para sustentá-la se reprima mais. Nas ditaduras só existe a história oficial. O dia em que metam a mão nos meios de comunicação, será tudo como no Canal 8 ou Granma. Esse dia, por nosso intermédio, não chegará.



Enquanto escrevo estas linhas, a televisão me devolve a imagem de um regime que, nas moças, foram tiradas definitivamente as máscaras, ante o imenso músculo democrático deste povo que esteve o dia todo na rua, às vezes organizado por sua liderança e em outras, espontaneamente.



Os acontecimentos entraram em sua fase final. O regime nos provoca, porque não quer medir-se nas urnas, porque lhe aterroriza o espelho que quer afanosamente quebrar. Se bem que a saída eleitoral é o último objetivo desta luta, não podemos ficar de braços cruzados ante estas agressões e devemos dar a resposta que lhe demos hoje: as pessoas nas ruas desmascarando-os. Não há nada que doa mais a uma ditadura, do que desmascará-la.



O outro campo de luta é a Mesa de Negociações e Acordos. Nossos negociadores devem aproveitar essa tribuna que o regime quer derrubar a todo custo, para patentear ante os organismos internacionais que esta ditadura está tirando a máscara. Há motivos para invocar a Carta Interamericana. Esperamos que o genuflexo anúncio do “chefe da revolução” no sentido de garantir o fornecimento de petróleo aos Estados Unidos, não seja um obstáculo insolúvel: agora Shapiro se parece demasiado a Isaías Rodríguez. Há, não obstante, otras testemunhas e demasiadas evidências.



Não devemos perder a paciência. A Parada Cívica é nossa última instância e assim devemos administrá-la. Há que continuar na rua. As ações que nossos prefeitos e o povo emprenderam ontem, em Marí Pérez, deixaram descobertos os rostos dos violentos. O repressor (Cel.) Alcalá Cordones parecia muito satisfeito em fazer ameaças ante civis desarmandos. Que o mundo veja, uma vez que nós, é bom que se saiba, não esqueceremos. Hoje continuaresmo exercendo a desobediência. Não temos medo, é mais que uma ordem. Teremos a ardente paciência que faz falta para continuar nas ruas.



* Tenente Coronel é a patente do presidente Hugo Chávez. Assim se referem a ele de vez em quando, em vez de chamá-lo pelo nome.



AS FARC MATAM 16 PARA-MILITARES



Associated Press – BOGOTÁ



Ao menos 16 para-militares da ultra-direita mortos, foi o saldo do combate que empreenderam no fim de semana as guerrilhas, na aldeia de Cupica, uma zona selvática do noroeste da Colômbia, segundo um primeiro balanço da Defesa Civil e das autoridades policiais, divulgado ontem.



Uma comissão da Defesa Civil entrou na segunda-feira nessa aldeia do município Bahía Solano, no departamento de Chocó e encontrou 16 corpos, identificados como membros das para-militares Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). “Contaram 16 cadáveres e viram alguns decapitados. Estavam muito próximos da praia, pelo que é possível que a maré os leve”, manifestou Eustorgio Perea, diretor departamental da Defesa Civil.



Perea relatou à imprensa que a comissão desse organismo de socorro, após superar dificuldades de acesso ao terreno e ao mau tempo, conseguiu chegar de lancha ao local do enfrentamento, porém não desembarcou por precaução. “Os 16 cadáveres são de membros das Autofesas, porém não se descarta que haja mais mortos. Hoje (ontem, terça-feira) logo cedo da manhã saiu uma tropa de Infantaria da Marinha, e acompanhados da Procuradoria e das entidades de controle para verificar a situação”, acrescentou o comandante da Polícia de Chocó, coronel Ricardo Vargas.



O Exército retomou ontem o controle de Cupica, seundo informes da agência de notícias do Exército. Em impressionantes imagens televisivas, aparecem os corpos jogados na praia do Pacífico, alguns sem cabeça e com as braceletes das AUC. O diretor da Defesa Civil do Chocó, Eustorgio Perea, afirmou na segunda-feira que os cadáveres dos para-militares foram encontrados mutilados e castrados.



Várias famílias da área se deslocaram por causa dos enfrentamentos entre os grupos para-militares e a guerrilha das FARC, que disputam o controle de Chocó, uma rica região selvática, com abundantes recursos naturais. A governamental Rede de Solidariedade Social afirmou que já está prestando ajuda às pessoas que se deslocaram fugindo. “As famílias se refugiaram na Bahía Solano e manifestaram sua vontade de regressar, tão logo o Exército tenha assegurada a área”, disse Luis Angel Moreno. “Pensamos que quinta-feira voltarão”.



Moreno afirmou que as pessoas que não conseguiram chegar à Bahía Solano, já retornaram a suas casas e o deslocamento conseguiu ser freado. Um pai de família está desaparecido desde o domingo, dia dos combates em Cupica.



O deslocamento na Colômbia aumentou no último trimestre, onde quase 150.000 pessoas fugiram de seus lares pelo aumento da violência, de acordo com a ONG Conselheiria para os Direitos Humanos e o Deslocamento (CODHES).



Todas as informações, exceto a carta do venezuelano, tiveram como fonte o jornal El Nuevo Herald.



quarta-feira, 20 de novembro de 2002

O Notalatina apresenta hoje, excepcionalmente, um resumo dos últimos acontecimentos na Venezuela que, conforme anunciamos ontem, está em ponto de ebulição. Uma guerra civil é quase iminente, fruto da prepotência, intransigência e autoritarismo do seu mandatário, um desordeiro que se espelha e é respaldado pelo tirano senil, a múmia do Caribe, Fidel Castro.



Peço desculpas aos leitores pelo tamanho da edição de hoje, que é bastante extensa mas vale a pena ler, se quiser ficar a par do que de fato está ocorrendo e que nos jornais brasileiros não vemos nem uma pálida imagem da realidade vivida por nossos irmãos vizinhos venezuelanos.



A COMISSÃO DA MARCHA OPOSITORA CHEGOU À ASSEMBLÉIA NACIONAL



Unión Radio



Às 2:45 da tarde chegou à Assembléia Nacional a comissão designada pelos organizadores da marcha da oposição, para entregar aos deputados um documento em defesa da descentralização e da Polícia Metropolitana. Os representantes chegaram custodiados por efetivos da Guarda nacional e não da Polícia Metropolitana, em virtude das tentativas de violência que se desataram nas proximidades do Palácio Federal Legislativo e que a GN teve que repelir com a ação das bombas lacrimogênias.



A 1:20 da tarde desta terça-feira, efetivos da Guarda Nacional lançaram bombas de gás lacrimogênio contra simpatizantes do oficialismo que haviam se colocado na esquina de El Chorro, para impedir a chegada da marcha da oposição à Assembléia Nacional. Isto aconteceu a poucos metros do avanço da concetração que se organizou para apoiar a Polícia Metropolitana e rechaçar a militarização deste corpo policial subordinado à Prefeitura da Capital. A ação da GN foi para que ambos os grupos não se encontrassem, e assim evitar incidentes maiores como os já regisytados em marchas passadas.



Minutos antes, o diretor da PM, Henry Vivas, alertou sobre focos violentos que esperavam para emboscar aos que vêm marchando em forma pacífica desde a Praça Altamira, por isso impôs aos organizadores chegarem até a esquina de El Chorro.



Nas imediações do metrô de La Hoyada, os prefeitos de Chacao, Baruta, assim como o governador de Carabobo, Henrique Salas Feo, conversam com o comissário Vivas sobre a inconveniência de chegar ao Parlamento, porém mostram-se renitentes em acatar a sugestão. “Há um total desacordo porque desejamos simplesmente chegaraté lá e entregar o documento”, porém o mandatário regional esclareceu que esperam por uma ordem final por parte do prefeito Alfredo Peña. Por seu lado, o prefeito de Chacao, Leopoldo López ratificou que querem entregar o documento porque é um direito, “viemos de uma maneira cívica e pacífica e o governo está sequestrando, uma vez mais, nossos direitos”. Refutou que vinham de um modo tranquilo, porém gera-se uma situação cada vez mais tensa: “os violentos estão do outro lado; lamentavelmente o governo demonstrou uma vez mais que é intolerante”.Recomendou ao secretário geral da OEA, César Gaviria, que sente diante do televisor e veja o que está se passando.



Leopoldo López informou que o comissário Vivas denunciou que os policiais tomistas sequestraram as duas baleias da PM e estão dispostos a dispará-las na marcha, por isso a cautela necessária a respeito. “Isto é absurdo, que cada vez que chegamos a esta esquina não nos queiram deixar passar”, criticou López. Disse que a comissão de dez pessoas que entregariam o documento à Assembléia Nacional está disposta a socorrer o Parlamento.



Desde bem cedo da manhã na chamada praça da Liberdade, se congregaram os participantes da marcha que chegariam até a Assembléia Nacional, em protesto pela intervenção durante o fim de semana da Polícia Metropolitana (PM).



O presidente da Associação de Prefeitos, Saady Bijani declarou da Praça Francia de Altamira que a intervenção da PM constituía uma ação contra a autonomia municipal. Portanto, conclamou os cidadãos a não ficarem calados e sair em marcha pois “não podemos ficar calados. Aqui estamos os prefeitos com nossa gente, para reclamar o respeito absoluto, sacrossanto ao estado de Direito e à Constituição Nacional”. Assegurou que o documento que entregarão ao parlamento tem o propósito de “ordenar ao chefe de Estado a anular esse decreto nefasto, essa monstruosidade jurídica e legal”.



Do mesmo modo, o grupo de prefeitos exigirá dos deputados a promulgação da Lei Orgânica do Poder Eleitoral. “Não permitam mais dilações com respeito à lei eleitoral, já há uma sentença do Tribunal Supremo de Justiça; dêem-lhe cabimento, promulguem essa lei e de imediato convoquem o referendum consultivo. Não há outra opção senão que o povo decida os destinos do país”. Reiterou que não permitirão “a invasão de um poder sobre outro poder”. Ao manifestar que não aceitarão a invasão de competências e violação de autonomia, Bijani acrescentou: “já está bom que o centralismo tenha uma espécie de operação tenaz contra as regiões; por um lado nos têm negado recursos e agora pretendem (...) reduzir-nos à sua mínima expressão.



Peña sublinhou o caráter pacífico do trajeto



O prefeito da capital Alfredo Peña, denunciou os atropelos contra a autoridade civil, política e adiministrativa da cidade, ao intervir de forma “atropelada” na Polícia Metropolitana. “Aqui se impõe uma unidade com os sacerdotes, com os militares democráticos, com as mulheres, com os intelectuais, com os trabalhadores. 85% da população rechaça o presidente Chávez; temos que tirá-lo com votos e não com balas”, assinalou.



Esclareceu que a manifestação de hoje conta com as permissões necessárias, diferente das convocadas pelo governo, as quais, a seu ver, podem ser violentas. “O governo provocou em 11 de abril 19 mortos, em 04 de novembro 23 feridos e em 12 deste mês, 15 feridos e 2 mortos”. Enfatizou que a mobilização é de caráter pacífico em defesa dos direitos civis e políticos da comunidade. “A negociação não impede silêncio, nem mobilidade”, destacou.



Mendoza: segurança da marcha garantida



O governador do estado de Miranda, Enrique Mendoza, garantiu que 800 efetivos da Polícia Metropolitana resguardassem a mobilização, além de 4 mil e quinhentos funcionários municipais que estarão ao longo da rota.



Mendoza assinalou que os policiais estarão dispostos a cada cinco metros dos oito quilômetros, tal como constatou após fazer uma trajetória inicial. Assim mesmo, informou que a Disip também se colocou em pontos estratégicos. Aqui não há porque temer nada que impeça que as pessoas não possam fazer a marcha”, sublinhou Mendoza, ao advertir que só existe um ponto da rota com obstáculos: o da esquina El Chorro no centro da cidade, onde realizam-se trabalhos de perícia pela explosão ocorrida ontem, aparentemente pelo uso indiscriminado de fogos artificiais.



Prefeitos defendem autonomia municipal



O prefeito do município Chacao, Leopoldo López, assegurou hoje que a manifestação em respaldo à PM é distinta de todas, porque além disso conta com o apoio de sete governadores e 150 prefeitos de todo o país, que defendem a autonomia municipal. “Estamos dizendo não ao golpe de Estado contra a descentralização. Os prefeitos e governadores interpretamos o que se passou com a Polícia Metropolitana como um golpe contra a descentralização. Nós estamos contra esse sequestro da PM”, afirmou.



Na avaliação de López, têm que rechaçar a gravidade deste fato porque poderia repetir-se com outros municípios e suas polícias. “É por isso que estamos fazendo uma solicitação formal e contundente, com as pessoas na rua, de que nós não vamos nos deixar amedrontar e que se dêem esses golpes de estado”. O prefeito do município de Baruta, Henrique Capriles Radonski, enfatizou que amarcha não é só pelos direitos dos prefeitos, mas pela segurança dos cidadãos. “As pessoas estão com bandeiras, com seus apitos, flanelas, isto é algo absolutamente pacífico; as pessoas estão aqui pedindo que se respeitem seus direitos e a segurança é um direito que têm os cidadãos”, afirmou.

Capriles advertiu que a segurança dos caraquenhos está interditada, por isso rechaçam a intervenção da PM. “Nós vamos chegar à Assembléia Nacional; estamos resguardando as pessoas”.



Alfredo Ramos: O povo continuará na rua até a consulta popular ou a renúncia de Chávez



Enquanto participava da marcha opositora de hoje, terça-feira, o secretário executivo da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela, Alfredo Ramos, comentou para a Unión Radio que “apesar dos poucos dias em que foi convocada a marcha, novamente uma multidão se aglomerou nas ruas para defender o regime de liberdades, para exigir do governo a restituição do Estado de Direito em relação à intervenção da Polícia Metropolitana por parte do governo autoritário de Hugo Chávez”.



Alfredo Ramos opinou que “esta multidão está dizendo ao governo que nós vamos permanecer na rua até enquanto não se realize a consulta popular ou o presidente Chávez se vá, como o grande sentimento de mais de 70% dos venezuelanos; nós vamos continuar na rua com a mobilização popular”.



Segundo o secretário executivo da CTV, “as pessoas não aguentam mais um governo tão nefasto para o país, um governo que mantém as pessoas passando fome. Os níveis de desemprego chegaram a quase 24%, quase três milhões de venezuelanos não têm nenhum tipo de remuneração, nenhum tipo de sustento para dar a sua família e por outro lado uma crise social”.



Ledezma: Depois da marcha, deve-se convocar a parada



No marco da marcha opositora, o presidente da Aliança Bravo Povo, Antonio Ledezma, assegurou que coincide com as opiniões que exigem a convocatória já de uma parada geral. “Assim vamos estabelecer no seio da Coordenadoria Democrática. Eu creio que nos estão esgotando os tempos e as oportunidades, portanto, cada passo tem que ser muito bem calculado. Aqui não se trata de ser estravagante, nem de apelas a uma audácia exagerada, quando se fala de uma parada cívica indefinida; se fala de uma greve geral”, assinalou.



A seu ver, é hora de que se convoque uma greve geral que o povo da Venezuela reclama, como uma medida de pressão a um governo que está “zombando” das instituições, da justiça e da coletividade internacional. “Tendo aqui (César) Gaviriz (secretário geral da OEA) como supervisor da mesa de negociações, vemos que o governo atua com todo o descaramento e portanto aqui o que cabe é já depois desta marcha, a greve geral que o povo da Veenzuela está esperando”, afirmou.



General Rosendo: Parada deve ser a última cartada



O general Manuel Rosendo, ex-diretor do Cufan, assegurou hoje que a parada cívica deve ser a última estratégia a discutir-se na mesa de negociações e acordos, onde tenta-se resolver os principais problemas do país. Rosendo também se referiu sobre a utilização da Força Armada Nacional, para a manutenção da ordem pública. Em seu parecer, é uma medida “desesperada” e recordou aos oficiais que não pdoem cumprir cegamente ordens que atentem contra o povo venezuelano. Recordou disposições constitucionais e da legislação internacional que impedem o cumprimento de ordens que desrespeitam os direitos humanos. “Se incorrerem neste tipo de delito, vão acabar sendo julgados na Corte Penal Internacional!, advertiu.



Rosendo esclareceu que os funcionários da FAN só devem intervir quando os corpos policiais tenham sido ultrapassados na manutenção da ordem pública, tal como estipulam instrumentos jurídicos nacionais.



Coindustria respalda a marcha



O presidente da Coindustria, Lope Mendoza, asseguro esta terça-feira que a mobilização de hoje é um dos percursos mais importantes que se fez, já que é em apoio aos efetivos da PM e do prefeito da capital Alfredo Peña. Em sua opinião, o Tribunal Supremo de Justiça deve pronunciar-se sobre o decreto que ordenou a intervenção da PM e devolver a autoridade a Peña, tal como lhe garantem os princípios de autonomia estabelecidos na Constituição.



Por outro lado, em torno da convocatória para a parada geral realizada pelo oficial dissidente Enrique Medina Gómez, esclareceu que a Constituição só se rege pelas diretrizes da CTV, Fedecamara e a Coordenadoria Democrática. “Respeito a decisão do general Medina Gómez, porém sem dúvida alguma ele está rompendo o pacto da unidade”, sublinhou Mendoza, ao referir-se ao documento cívico-militar subscrito dias atrás entre opositores e oficiais declarados em desobediência civil.



Dispositivo médico garantido



O diretor de Saúde da Prefeitura da Capital Metropolitana, Pedro Aristimuño, informou que 120 paramédicos, 50 médicos e os efetivos de saúde de Chacao, Bombeiros de Caracas e Proteção Civil, prestarão seus serviços em um destacamento técnico que se implantou ao longo de todo o trajeto da marcha. Os profissionais de saúde contaram com 20 ambulâncias e 2 unidades de tratamento respiratório. Os centros hospitalares da cidade estão em estado de alerta ante qualquer eventualidade, e Aristimuño assegurou que conta-se com suficientes insumos médicos.



Segundo Aristimuño, a organização da mobilização é “impecável” e o ambiente é pacífico. Todavia, manifestou suas esperanças de que tudo se desenvolva com normalidade e em tranquilidade.



Todas essas informações foram enviadas por La Voz de Cuba Libre - www.lavozdecubalibre.com



segunda-feira, 18 de novembro de 2002

Amigos, hoje trago uma análise do correspondente cubano no México do jornal El Nuevo Herald, Andres Oppenheimer, sobre a XII Cúpula Iberoamericana recém acontecida na República Dominicana. Ele faz uma análise que, penso, muitos de nós já fizemos, com os mesmos questionamentos: para que servem esses encontros, afinal, se as propostas assinadas ao fim de cada evento nunca são cumpridas? Ao que tudo indica, apenas os acordos firmados no Foro de São Paulo são cumpridos à risca. Também, não é para menos; lidando com a nata da marginalidade mundial, quem é louco de descumprir o que foi acordado? É exatamente por isso que não nos deixa a mais mínima margem de dúvida, de qual lado o Sr. da Silva vai se posicionar, quando assumir de direito e de fato o assento mais alto do país.



Ainda nessa edição, mostramos o grau da fervura do caldeirão venezuelano e as arbitrariedades cometidas pelo delinquente Hugo Chávez que insiste em se manter no poder. A qualquer custo.



AS CÚPULAS E A HIPOCRISIA POLÍTICA



Andres Oppenheimer – Cidade do México



Como em todos os anos, os líderes dos 23 países que se reuniram este fim de semana para a XII Cúpula Iberoamericana no balneário de Punta Cana, República Dominicana, assinaram uma declaração que muitos não têm a menor intenção de cumprir, nem de exigir que seja cumprida pelos demais.



Que absurdo! Tem sentido que Espanha, Portugal e os 21 países da América Latina que formam a comunidade iberoamericana continuem com este exercício anual de hipocrisia política? Tem sentido que assinem estas pomposas declarações finais, se não se comprometem a cumprí-las?



Como jornalista que cobriu a maioria das 12 cúpulas iberoamericanas – e que decidiu saltá-las de agora em diante, a menos que os países comecem a exigir o cumprimento de seus acordos – me custa entender como os países participantes podem gastar tempo e dinheiro para negociar declarações finais, puramente retóricas.



Permitam-me dar-lhes um exemplo óbvio: desde a Cúpula Iberoamericana de 1996, em Viña del Mar, no Chile, o governante vitalício Fidel Castro, ou seu representante na reunião, vem assinando todos os anos declarações finais em que os participantes ratificam seu ”compromisso com a democracia, o estado de direito e o pluralismo político”.



A declaração de Viña del Mar não deixava margem para ambigüidades. Dizia que os presidentes compartilham da convicção de que ”a liberdade de expressão, associação e reunião, o total acesso à informação e as eleições livres, periódicas e transparentes, são elementos essenciais à democracia”.



Nesse momento, todo mundo se emocionou quando Castro assinou aquele documento. Porém, oito anos depois, o ditador cubano continua a proibir qualquer partido de oposição ou meio de imprensa independente em Cuba.



Imaginem como foi a coisa, quando a oposição pacífica juntou mais de 10.000 assinaturas em Cuba este ano, fazendo uso do seu direito sob as próprias leis socialistas da ilha para pedir um referendum sobre se deveriam permitir as liberdades políticas, e Castro nem sequer permitiu a publicação do pedido nos meios de comunicação cubanos.



Enquanto a Espanha e vários países da América Latina têm feito declarações pedindo a Castro que permita a abertura política, as cúpulas iberoamericanas posteriores nunca lhe exigiram formalmente que cumpra com a declaração de Viña del Mar. Ao contrário das resoluções das Nações Unidas, os acordos das cúpulas iberoamericanas não conduzem à obrigação de serem acatadas.



Então, para que servem?, perguntei há poucos dias ao secretário de Estado da Espanha para Assuntos Iberoamericanos, Miguel Angel Cortés. Me interessava sua resposta porque a Espanha, por seu caráter de país fundador das cúpulas iberoamericanas e por ser um excelente modelelo de desenvolvimento econômico para a América Latina, tem um papel chave nestas cúpulas.



Cortés me disse que estas cúpulas têm sido um grande êxito, entre outras coisas porque nos últimos 12 anos criou-se uma Comunidade Iberoamericana formada pela Espanha, Portugal e os países da América Latina, que antes não existiam. Antes de 1991, havia vários países com uma língua comum, porém não existia a idéia de comunidade, assinalou. Hoje em dia, além da cúpula anual de presidentes iberoamericanos, há mais uma dezena de reuniões anuais de ministros iberoamericanos de comércio, empresários, reitores de universidades, tabeliões públicos e artistas. Estas conferências estão resultando em numerosos acordos de cooperação que são sumamente benéficos para todos, concluiu.



Todavia, Cortés reconheceu que as cúpulas iberoamericanas e suas reuniões paralelas necessitam de algumas mudanças. “Deveríamos adaptar as estruturas iberoamericanas à nova realidade”, me disse. “Por exemplo, temos reuniões entre os reitores de universidades iberoamericanas que acordam coordenar seus planos de estudo para facilitar os programas de intercâmbio, porém os governos nem sempre cumprem esses acordos. Deveríamos dar uma resposta política a estas novas realidades”.



Na cúpula do fim de semana, a Espanha conseguiu que fosse aprovada a criação de um grupo de trabalho encabeçado pelo presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, para que no prazo de um ano estude a possibilidade de expandir as funções da atual Secretaria de Coordenação das cúpulas iberoamericanas, para convertê-la em um secretaria permanente, de caráter político.



Essa poderia ser uma excelente idéia. A Espanha tem muitas coisas a oferecer à América Latina, começando por seu exemplo de como um país pode triplicar seu ingresso per capta através de uma maior integração com seus vizinhos mais ricos, sem ver-se obrigado a perder sua identidade nacional.



Se as cúpulas iberoamericanas criarem uma secretaria permanente com poderes para exigir o cumprimento de suas declarações anuais, terão um grande futuro. Do contrário, continuarão sendo um exercício de turismo político, e suas declarações finais não poderão ser levadas a sério.



Fonte: El Nuevo Herald



VIOLENTOS CHOQUE POR CAUSA DA MEDIDA DE CHÁVEZ, DE INTERDITAR A POLÍCIA DE CARACAS



Fabiola Sanches – AP – Caracas



Militares dispersaram com gases lacrimogênios e balas de borracha uma marcha opositora contra a decisão do governo do presidente Hugo Chávez, de interditar a Polícia da capital.



Pelo menos quatro pessoas foram presas e três ficaram feridas nos incidentes produzidos desde que o prefeito de Caracas, Alfredo Peña, foi impedido à força de entrar em uma delegacia interditada.



Peña, que antes de converter-se em um dos mais acérrimos inimigos de Chávez, foi seu ministro da Secretaria da Presidência, assegurou que os militares lançaram profusas descargas de gases lacrimogênios e balas de borracha.



Os soldados alegaram que tinham ordens do chefe da guarnição militar de Caracas, general de Exército Jorge García Carneiro, de impedir-lhe a entrada. A medida do governo gerou fortes críticas por parte da oposição, que ameaça em iniciar processos judiciais para forçar a revogação da decisão.



O governo afirma que não lhe restou outra alternativa, senão interditar a Polícia Metropolitana, devido a que tinha que garantir a ordem quando o corpo se encontra dividido entre agentes contrários e partidários do governo. Alguns policiais negam-se, inclusive, a reconhecer o novo comandante designado pelas autoridades centrais.



O incidente na delegacia de Maripérez, situada ao norte de Caracas, aconteceu, segundo Peña, quando ele – em companhia dos prefeitos dos também municípios capitalinos de Chacao e de Baruta, Leopoldo López e Henrique Capriles – tratavam de entrar em uma das sedes da Polícia Metropolitana.



Os prefeitos e dezenas de manifestantes se encontrvam concentrados desde o meio-dia em frente à estação policial, após realizar uma marcha a fim de pressionar o governo para que suspenda a intervenção do corpo. Centenas de opositores marcharam quase cinco quilômetros para manifestar sua solidariedade com os policiais, corpo de segurança que se caracterizou nos últimos três anos, por evitar que simpatizantes do governo impeçam manifestações organizadas pela oposição.



Os militares, com equipamentos anti-motins e fuzis de assalto, desde a madrugada postaram-se nas proximidades da sede da Polícia Motorizada, unidade de elite desse corpo, localizada ao norte de Caracas, par impedir que os manifestantes bloqueassem as portas da edificação.



”A Polícia está sequestrada. Nem sequer lhe deixam comer; isso é um golpe de Estado de Hugo Chávez em Caracas”, disse o prefeito Peña com um megafone em frente à Polícia Metropolitana.



Fonte: El Nuevo Herald



Todos os grifos dos atigos são do Notalatina.

domingo, 17 de novembro de 2002

Por questões operacionais o Notalatina ontem não foi editado. Hoje apresentamos um poema (no original) escrito por um cubano, exilado na Alemanha, depois de tomar conhecimento de que um dos maiores assassinos da Revolução Cubana, Victor Dreke, fora convidado como historiador para dar uma palestra na Universidade da Flórida. Insulto maior ao povo cubano, não poderia haver, considerando-se que é nesse estado onde se concentra a maior população de exilados que fugiram da ilha-cárcere, muitos dos quais ex-presos de consciência. Muitas dessas pessoas tiveram parentes fuzilados por este monstro, cujo apelido dado, pelos próprios “kamaradas”, era Hiena Negra.



A comunidade cubana está chocada com a atitude dos diretores da tal universidade, pois hoje convidam o homem que foi o braço direito do criminoso Che Guavara; amanhã, quem irá ministrar nova aula de História aos tantos jovens estudantes de lá? Será que a própria múmia senil não gostaria de fazer mais um de seus enfadonhos e cretinos discursos de seis, sete horas seguidas, na casa dos yankees? Foi uma afronta, sim, um insulto ímpar que gerou muita revolta, mas os protestos foram acanhados demais, não sendo suficientes para impedir que mais um assassino posasse de herói, deturpando a história e desonrando e maculando a memória de suas incontáveis vítimas. Que isto sirva de exemplo para os cubanos de lá, como para nós “de acá”, posto que diante dos novos rumos que nosso país tomou, não será nada estranho se um monstro desses for convidado para pelestrar nas nossas universidades num futuro bem próximo.



Historiadores en USA o asesinos en CUBA



Para TODOS los cubanos



Hay doncellas en las rías

como bellas piedras..., escondidas...,

desde las rejas de mil torres

con suspiros a sus guardianes miran…,



mientras unas lloran y otras gimen

vienen huracanadas nubes a verlas

con flores entre sus brazos

y blancos clamores de lluvia bajo ellas...,



hoy vino la luna a verme

ante esa linda dama sorprendido quedé..,

una dulce aurora..., iluminaba mi ventana,

respirando ese perfume airoso..., de gala abierta en la mañana,



me hablaba en consonantes verdes

letras tibias y floridas rimas...,

de unos hechos que en la Historia

fueron crímenes de la Biblia,



a la biblioteca fuí a comprobar tal mórbido relato...,

sus versos ni eran prosa ni poesía...,

en su alma pintadas..., llorando leía..,

esas verdades por los muertos padecidas...,



un narciso hermano mozárabe

cantaba hermosos versos a la serranía...,

viento abajo y con alegría

a los cubanos con su parodia...,



coplas benditas ante un universo inerte...,

de unos sueños transmitía...,

con asesinatos y comprobantes

defendía sus teorías...,



en los ojos yo veía

ese nazi que escupía

música sacra y con cenizas

para los gitanos y judíos.



Ya vienen los muertos a oírlo,

sentados en las butacas primeras...

ensangrentadas del polvo

y en sus ojos las pistolas.



Esperaré a la puerta...,

a que me traiga una rosa...,

historia será un día

cuando muerta...

ella descienda corriente arriba...,



decía trás mí...



un esqueleto...

con sus espaldas acribilladas

por el tormento y el fuego.



Ya se oyen las trompetas

tocando a victoria

ante esta profana curia...,



pero...



un silencio de velas se oía

en las birretas

de cardenales..., obispos..., y curas.



Heliodoro Sánchez Berciano



Gentileza de minha amiga Lou Pagani