quinta-feira, 17 de novembro de 2005


Não tendo como silenciar definitivamente as vozes daqueles que ousam discordar do regime castro-comunista que está sendo implantado na Venezuela, o tiranete lambe-botas de Fidel, Hugo Chávez e seus sequazes acusam - sem provas - a jornalista Patricia Poleo de ser autora intelectual do assassinato do procurador Danilo Anderson, por ela ter denunciado em sua coluna de jornal o envolvimento de pessoas do governo neste crime.


Neste artigo ela denuncia a forma estúpida como o regime vem lidando com o caso deste defunto que tem falado mais morto do que quando estava vivo, um “mártir” fabricado pelo próprio regime para inculpar a oposição enquanto continua cometendo seus crimes, lembrando-me, e muito, do caso do prefeito assassinado Celso Daniel, do PT, posto que ambos os falecidos de repente tornaram-se peças tão incômodas quanto um macaco em loja de louças aos partidos e aos governos de ambos os países.


É nítido também observar que o modus operandi de todo regime comunista, em qualquer país que exista (que coisa mais ultrapassada, meu Deus!), é igual: roubos, mentiras, extorsões, fraudes, crimes, sempre atuando em nome “da causa” e pela sede de Poder e Dominação. Pessoas tornam-se incômodas ou sem serventia? Retira-se da foto ou da vida; elimina-se-o, como se elimina o lixo ao final do dia. Sem pejo. Sem remorso. Sem perdão.


Leiam o que nos escreve a jornalista Patricia Poleo desde a clandestinidade, mais uma voz que o criminoso delinqüente Chávez teima em amordaçar. Solidarizo-me com ela e identifico-me em várias passagens deste artigo enquanto me pergunto: “quando” será a nossa vez, nós que não tememos dar a cara para bater e que não calamos as nossas vozes diante das mentiras e dos crimes praticados por este governo comunista que se instalou no país?


Brava, Patricia! Resiste, GUERREIRA!


Fiquem com Deus e até a próxima!


***


Voz da clandestinidade


Patricia Poleo


Desde a sexta-feira até o momento em que escrevo esta coluna, muitas coisas ocorreram em minha vida e muitos sentimentos se cruzam dentro de mim. Estava dando aula na Universidade Santa Maria e explicava aos estudantes a forma de corroborar a verdade. Um de meus alunos entrou na sala para buscar-me porque me haviam ditado medida privativa de liberdade. Apenas pude me despedir dos rapazes com os quais tenho um dos meus maiores compromissos, porém, ao sair da sala senti que talvez com o que ocorria lhes dava a maior das lições.


Desde esse momento tenho estado tomando decisões. E vendo. Vendo, por exemplo, como Isaías Rodriguez mente reiterada e deliberadamente. Como cada vez que ele fala comete uma inconsistência a mais. Como oferece datas e fala de situações que não pode sustentar. Como se afunda tratando de afundar-me. Entendo que Isaías não tem idéia do que é o Direito Penal, não sabe o que é um indício ou uma evidência, por isso comete tantos erros que nem sequer a juíza que foi colocada para fazer o trabalho sujo no mesmo dia em que saiu a decisão, vai poder sustentá-lo. Isaías tem uma “testemunha”. Bem, melhor dizendo, quem a tem é Mariano Díaz, membro do “Bando dos Anões”, a quem a irmã de Danilo, Lourdes Anderson, acusou de ser parte da Rede de Extorsão do procurador de Ambiente.


Aparentemente, a suposta testemunha é a esposa do piloto de Mezerhane. Se essa mulher está mentindo com respeito daqueles que o Procurador pretende implicar nesta barbaridade é em troca de sua liberdade, porque uma das coisas que nunca se entendeu neste processo, é por que esta senhora havia desaparecido do cenário se estava tão relacionada com o primeiro grupo que o Ministério Público responsabilizou pelos fatos. Yoraco Bauza cumpre a tarefa de tentar manchar-me, cuidando de que fique para trás o testemunho de Lourdes Anderson, irmã de Danilo, no qual relatou aos investigadores que tanto Yoraco como Mariano Díaz e outros membros do Poder Judiciário recebiam dinheiro, produto da extorsão de Danilo. Sem jamais nos haver chamado para depor, sem nos haver sequer participado que estávamos sendo objeto de uma investigação, o Ministério Público exige nossa detenção, enquanto Isaías Rodríguez, além disso, reconhece que não nos informará, aos acusados, do que há no processo para que não tenhamos oportunidade de “traçar uma estratégia de defesa”. Isto é o que eu chamo de ser parte de boa-fé.


Porém, isso não é tudo. Supõe-se que em todo este crime fui cúmplice dos Guevara - os quais assinalei como responsáveis no Caso Montesinos - e de Johan Peña e Pedro Lander. Será que José Vicente Rangel me apresentou a estes dois personagens? Porque as únicas provas de vinculação que há com Lander e Peña é o documento que publiquei nestas mesmas páginas, no qual José Vicente Rangel filho solicita incluir um dos Guevara, Pedro Lander e Johan Peña em sua equipe de Inteligência.


Creio por certo que já está na hora de que os Guevara vão contando ao país a participação que José Vicente Rangel teve no Caso Montesinos. Será este o nexo que Isaías menciona que há entre o Caso Montesinos e o de Danilo? Porém, o cúmulo é que também sou cúmplice de um dos oficiais mais nefastos que há na Guarda Nacional, o General Jaime Escalante, a quem deunciei em diversas oportunidades nesta coluna. Como fará o procurador para armar este quebra-cabeças? Enquanto eles procuram como armá-lo, nós permaneceremos presos. Isto é o que realmente busca Isaías: calar-me. Eu me pergunto, como fará para calar sua consciência e o julgamento que a história já está fazendo dele?


Se algo desfruto na vida, é a corroboração da verdade. A isso me disponho. A rebater, uma a uma as mentiras que Isaías e Yoraco têm dito. Estou intacta, fresquinha para a luta. Na verdade, vendo o rosto deslocado de Isaías, sua ambigüidade, que por certo ele mesmo descreve em seu livro, me pergunto se ele poderia sustentar-me o olhar e sobretudo a luta a que estou disposta a enfrentar. Prepara-te, Isaías. Agora sim, terás que tomar todo o frasco de comprimidos para dormir. Minha obrigação como cidadã é comunicar a todo o país que, se pensar e agir diferente do Regime é um delito, assumo a minha responsabilidade. Porém, digo responsavelmente à minha filha, à minha família e a todos os venezuelanos que não darei o braço a torcer. Se o Regime tem como plano e norte meter presos aos que pensamos de maneira diferente, deve saber que somos muitos os que estamos dispostos a dar a cara.


O que têm em comum um CNE fraudulento que viola o direito dos cidadãos a expressar-se; um TSJ cúmplice em sua manipulação da justiça; uma Defensoria que defende o torturador e não ao torturado; uma FAN que dobra seus joelhos frente a um único homem e pisa no seu juramento à Constituição; uma Controladoria que não controla e uma Assembléia que não respeita a Lei? Têm em comum duas coisas: 1. Que coincidem na fraude, no forjamento e na mentira para pisar a justiça e, 2. São os organismos que vulnerabilizam nosso Estado de Direito e nos conduzem irremediavelmente a uma ditadura.


Hoje faço um chamado aos venezuelanos para que resistam, para que abram os olhos e despertemos para a crua realidade que estamos vivendo. Hoje o chamado não é à atenção de um caso particular; o verdadeiramente relevante é a decisão de atropelar e pisotear os direitos e a dignidade dos venezuelanos. A realidade é esta decisão tão cruel e macabra, como o planejamento do assassinato de Anderson, com o qual nada tenho a ver. É do mesmo modo cruel e macabro o assassinato de minha escolta, Gérman Delgado, e desta arremetida, apenas por pensar diferente.


Se por pensar diferente e expressar minha opinião me acusam ilegal e falsamente, pois aproveito para ratificar minha opinião e que não reste nenhuma dúvida: Não estamos em uma democracia; e como cidadãos, temos o dever de fazer o necessário para restabelecê-la. NÃO CREIO na moralidade, na integridade e imparcialidade do Ministério Público, por ser Isaías Rodríguez apóstolo da mentira e da fraude. Não creio em suas atuações por serem manipuladas e imorais; não creio em sua investigação porque a mesma está decantada pelo crivo da conveniência e da mordaça contra os que nos opomos.


Hoje estou frente a uma acusação falsa e política e é isso precisamente o que a desnuda. Aqui estou, disposta do mesmo modo que milhões de venezuelanos a irmos presos. O que não estou disposta a negociar são meus princípios e convicções. Trespassamos o umbral da DITADURA, neste caso, moderna, cuja forma e aparência de legalidade são seu débil suporte. Lembra, Isaías Rodríguez, se tua “frágil cultura” te permite, aquelas palavras de Voltaire: “Aos vivos, o RESPEITO; aos mortos, nada mais que VERDADE...”


Tradução e comentários: G. Salgueiro