sexta-feira, 30 de novembro de 2007






O Notalatina de hoje vai ser dividido em blocos de notícias que aparentemente são isoladas mas que na verdade se conectam. A primeira delas é sobre o Mercosul, depois as interferências de Chávez na Bolívia, as ligações entre Chávez, Lula e as FARC e finalmente, a nota de Human Rights Foundationsobre o líder estudantil Yon Goicoechea, da Universidade Andres Bello da Venezuela que eu citei ontem.

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ARMAS VENEZUELANAS PARA A BOLÍVIA

No dia 26 pp. mais ou menos às 11 h. noite, chegou um estranho carregamento em um avião Hércules com escudo da Venezuela, na cidade boliviana de Trinidad; uma vez aterrizado, desembarcaram do avião 10 caminhões cobertos por uma capa (na foto), ao qual aguardavam militares bolivianos.

Ao serem interrogados sobre a suspeita carga, os militares informaram que tratava-se de “um carregamento de remédios que seria tansferido para o Hospital Militar COSSMIL”. Entretanto, tal carregamento jamais chegou ao hospital, mas se dirigiu ao posto militar que a Venezuela tem na cidade, no setor de Trinidad, onde está sendo construído um dique.

Naquele posto os funcionários da Prefeitura tentaram interrogar os militares que não quiseram mostrar os supostos medicamentos, dizendo que depois dariam um “informe oficial” que não foi feito até o momento. A partir daí, as pessoas começaram a desconfiar de que o tal carregamento secreto poderia ser armas, considerando que Chávez prometeu há mais ou menos um mês – num “Alô Presidente!” feito desde Cuba - defender Morales em qualquer circunstância ameaçadora, afirmando que ante uma possibilidade de conspiração contra o governo de seu kamarada, “se instalaria na Bolívia um Vietnã de metralhadoras”.

Depois dessa declaração e todas as interferências que Chávez vem fazendo na Bolívia, sobretudo financeira, dá pra engolir a estorinha de que 10 caminhões blindados estão carregados de remédios, e mesmo assim não vão para o hospital mas para um posto militar? Comunista adora subjugar a inteligência alheia...

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BRASIL, CHÁVEZ E O MERCOSUL


Num artigo que escrevi semana passada intitulado Chávez e o Mercosul, fiz pesadas críticas ao presidente da Câmara Venezuelana-Brasileira de Comércio e Indústria, sr. José Francisco Marcondes, por su preocupação em que os parlamentares NÃO aprovassem a entrada de Chávez no Mercosul. Hoje, recebo uma matéria do site Unionradio.Net dando conta de que empresários brasileiros pedem ao Congresso que parem os trâmites para a entrada da Venezuela no Mercosul, refletindo a mesma preocupação na denúncia que este blog fez no dia 27 passado, quando Chávez ameaçou a Fedecâmaras de “expropriá-la” caso seus membro continuassem com a campanha pelo “Não”.

Segundo um comunicado da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), assinada por seu presidente Alencar Burti, “Não se pode calar ante a ameaça do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de confiscar empresas afiliadas à Federação de Câmaras e Associações de Produção (FEDECÁMARA) por seu opor à reforma constitucional”. Burti reafirma sua preocupação com essas ameaças na iminência de Chávez ingressar no Mercosul, acrescentando à nota que “causa muitas dúvidas a aceitação de um país cujo dirigente atenta contra aquilo que é a luta do empresariado há mais de 200 anos: a liberdade de empreender” e faz um apelo ao Congresso e ao Governo brasileiros para que “revisem a posição de apoio à Venezuela como membro do Mercosul enquanto perdurem as restrições à liberdade de manifestações e as pressões sobre os que se posicionam contra os interesses do governo desse país”.

Aplausos! Aí está a voz da sensatez e o sr. Burti está repleto de razão, porque Chávez vem ameaçando nacionalizar todas as empresas privadas instaladas no país, sejam elas venezuelanas ou estrangeiras. A ganância em querer manter-se na Venezuela por causa dos petrodólares ainda pode custar muito caro ao empresariado brasileiro, caso sejam aprovadas a reforma constitucional e o ingresso desse país no Mercosul.

Ao lado disso, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim aproveita para fazer proselitismo no México, onde esteve terça-feira passada, afirmando que “a Venezuela é um país irmão, amigo e é aliado do Brasil como é o México e a Colômbia, e com o qual mantemos a melhor relação”.

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LULA – CHÁVEZ – FARC- REFERENDUM

Hoje de manhã logo cedo, assisti pela CNN uma reportagem em que anunciava-se que as Forças de Segurança colombianas haviam capturado alguns elementos das FARC e que com eles havia três vídeos com as provas de que a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt está viva, e que pode-se ver aqui: Vídeo das FARCmostra Ingrid Betancourt e outro sequestrados com vida.

Não demorou muito e ainda de manhã recebi do site Urgente24 uma matéria com este título: Brasil mete a mão: Se oferece como mediador entre a Venezuela e a Colômbia. Sei que muita gente vai achar que sou azeda e que não acredito que possa haver boas intenções por parte deste Governo. Azeda não sou não mas, quanto a acreditar em comunistas, é impossívelpois mentir é palavra de ordem e quando uma atitude parece boa, atrás dela há uma montanha de intenções espúrias ou contrárias ao que parece afirmar.

O site insinua, mas eu AFIRMO, que por trás da generosidade em intermediar a cisão havida entre Chávez e Uribe há um desejo inconfessado de, mais uma vez, apoiar Chávez em seus referendos e eleições, como sempre fez o sr. da Silva. Cabe aqui recordar que mal havia acabado de ser eleito em 2002, Lula enviou um navio com gasolina à Venezuela para suprir as deficiências causadas àquele país com a greve dos petroleiros da PDVSA, causando a demissão sumária de 22.000 trabalhadores especializados. Depois, no referendo de 2004, Lula deu seu aval à “lisura e transparência” do pleito, quando o mundo inteiro sabe, e há fartas provas, de que houve fraude. No ano passado Lula esteve com Chávez na inauguração da ponte sobre o rio Orinoco e, naquela oportunidade, teve o descaramento de dizer que “se fosse venezuelano votava em Chávez”, fazendo uma desavergonhada campanha que culminaria com a vitória fraudulenta deste psicopata assassino em dezembro passado, além de ter apoiado o fechamento da RCTV em maio deste ano.

Por outro lado, não há nada que garanta que essas provas não foram deixadas “fácil”, justamente para desmoralizar Uribe e salvar a pele de Chávez que até então não havia apresentado um fio de cabelo dos reféns, mostrando que o errado nessa destituição da intermediação foi Uribe. Não podemos esquecer que Chávez, Lula e as FARC são PARCEIROS E ALIADOS no Foro de São Paulo e que estão juntos para apoiar Chávez nesse referendum de domingo, tanto que, como denunciei dias atrás aqui, Rodrigo Granda tem pronta sua cédula de identidade venezuelana para votar pelo “sim”.

Lula levou toda esta semana reiterando o “excesso de democracia” que existe na Venezuela e que é necessário “respeitar a autodeterminação dos povos”, referendando um regime autocrático, totalitário e que quer implantar uma ditadura copiada da cubana. Em relação ao referendum de domingo Lula disse que “é essencial respeitar a soberania da Venezuela”, que “o plebiscito pode ser favorável (a Chávez) e será um resultado democrático. E se for desfavorável, também. O importante é ser transparente”, SABENDO que “transparência”, “lisura” e “respeito” às decisões da população são três palavras que não existem no vocabulário de Chávez, cujas ações malignas e criminosas ele sempre deu seu apoio incondicional. Mas a imprensa brasileira, companheira de viagem, mesmo assim continua a chamá-lo de “neoliberal” e os estrangeiros a achá-lo um “democrata de direita”.

E para concluir esta edição de hoje, reproduzo abaixo um pronunciamento feito dia 28 pp. pela organização de Direitos Humanos Human Rights Foundation, em relação à proteção do líder estudantil venezuelano Yon Goicoechea (na foto), perseguido, ameaçado e espancado por ordem do governo “excessivamente democrático” de Hugo Chávez, apresentando com exclusividade este vídeo “Caracas Nine - Spanish Version”, de produção da HRF. Fiquem com Deus e até a próxima!

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A HUMAN RIGHTS FOUNDATION SE PRONUNCIA PELA PROTEÇÃO DO LÍDER DO MOVIMENTO ESTUDANTIL NA VENEZUELA. YON GOICOECHEA É O DISSIDENTE Nº 2 DOS CARACAS NINE


Caracas, Venezuela – Yon Goicoechea, o líder do movimento estudantil venezuelano, tem resistido a inúmeros ataques por parte dos partidários do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez Frías, e do uso excessivo da força pública pelos corpos de segurança do Estado durante os protestos estudantis.

A Human Rights Foundation publica hoje um informe completo acerca das violações de direitos humanos a Yon Goicoechea e ao movimento estudantil que o respalda. O caso de Goicoechea é o segundo dos nove que conformam o Projeto Caracas Nine (http://www.caracasnine.com/).

Caracas Nine tem como finalidade dar a conhecer ao mundo as pessoas que são vítimas de perseguição pelo governo venezuelano, ao fazer uso do direito a manifestar suas idéias dissidentes. Os Nove são apenas casos emblemáticos de um grande número.

O movimento estudantil é uma organização independente que tem chamado à reconciliação nacional e que tem como bandeira a não-violência. É formado por estudantes provenientes das principais universidades da Venezuela e tem se mantido constante na realização de inúmeras marchas e protestos pacíficos em nível nacional.

Os protestos estudantis estão enfocados na defesa dos direitos humanos, principalmente do direito à liberdade de expressão e de reunião, bem como contra a Reforma Constitucional proposta pelo Presidente Hugo Chávez.

Yon Goicoechea erigiu-se no líder do movimento estudantil em defesa dos valores democráticos. Junto a outros líderes estudantis torna-se conhecido em finais de maio de 2007, quando o Presidente da Venezuela ordenou ao governo não renovar a concessão ao canal de televisão RCTV, o qual provocou inúmeros protestos em nível nacional.

Ao redor dos estudantes dissidentes circula um clima de hostilidade, produto principalmente dos ataques verbais provenientes em sua maioria do Presidente Chávez e demais representantes dos mais altos cargos do governo, em distintas intervenções públicas. Constantemente são apelidados de “fascistas”, “inimigos da pátria”, “títeres do império” e “colaboradores da ultra-direita”, entre outros qualificativos pejorativos.

Um elevado número de estudantes que ascende a mais de duzentos, foram detidos e presos desde que os protestos começaram no mês de maio. São altos os índices de feridos e lesionados. Fotógrafos provenientes de diversas agências de imprensa internacionais conseguiram capturar as imagens de violência que tem sido utilizada contra os estudantes dissidentes desde princípios de novembro.

Mas, além da violência contra Goicoechea e o movimento estudantil, as quais resultaram até em lesões físicas, os corpos de segurança do Estado têm usado substâncias tóxicas em repressão às manifestações pacíficas, as quais estão proibidas, tanto pelos tratados internacionais como pela Constituição venezuelana.

Goicoechea e sua família têm sido objeto de ameaças e perseguições diariamente. Goicoechea expressou à HRF sua grande preocupação por sua integridade pessoal e a de sua família, assim como pela possiblidade de ser acusado falsamente pela Procuradoria Geral – uma tática indevida que foi previamente usada pelo governo venezuelano para calar a dissidência.

A Human Rights Foundation pede proteção para Yon Goicoechea, sua família, o Movimento Estudantil e a todos os que manifestam pacificamente em exercício legítimo de seu direito humano consagrado, tanto pela Constituição venezuelana, quanto pelos Tratados Internacionais dos quais a Venezuela é parte.

A Human Rights Foundation (HRF) é uma organização Internacional, apolitical, dedicada a defender os direitos humanos no continente americano. A Fundação centra seu trabalho nos conceitos entrelaçados de auto-determinação e liberdade. Estes ideais encontram sua mais alta expressão na crença de que todos os seres humanos têm direito à liberdade de expressão, de associação com pessoas de idéias afins. As pessoas que vivem em uma sociedade livre devem ter, do mesmo modo, a oportunida de participar dos assuntos públicos de seu país. Da mesma forma, os ideais da HRF estão determinados pela convicção de que todos os seres humanos têm o direito a estar livres de detenções ou exílios arbitrários, de escravidão e tortura, e da interferência e coerção em assuntos de consciência. O Conselho Internacional da HRF está constituído por indivíduos que foram presos de consciência como Vladimir Bukovsky, Palden Gyatso, Armando Valladares, Ramón J. Velásquez, Elie Wiesel e Harry Wu.

Comentários e Traduções: G. Salgueiro

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