segunda-feira, 10 de março de 2008





É curioso como se passam as coisas aqui no Brasil. Até meados do ano passado, encontrar uma notícia por mais minúscula que fosse nos jornais de grande circulação falando sobre as FARC ou o Foro de São Paulo, era algo tão plausível quanto colher bananas em uma jaqueira. Depois que Chávez começou com o circo macabro das “trocas humanitárias”, todo dia saía uma notícia, uma denúncia e pela internet então, choviam pps mostrando a realidade cotidiana do povo colombiano farto do terrorismo das FARC e ELN mas que ninguém no Brasil se importava em saber, afinal, nós “não temos” terroristas, como alegou Herrrrr Tarso Genro. A partir daí, como se fosse uma revelação divina, vários jornalistas de esquerda que criminosamente ocultaram estas informações por décadas do leitor brasileiro, notadamente com relação ao Foro de São Paulo do qual as FARC são membros e cujos fundadores são Lula e Fidel, de repente resolveram falar no assunto porque agora esta organização comunista (FSP) não oferece mais risco, pois já está consolidada com 9 presidentes eleitos democraticamente na América Latina.


Depois que Chávez e Correa romperam relações diplomáticas com a Colômbia e o bufão de Miraflores ameaçava um guerra, até a “Rede Pravda de Televisão” (Ooops! Rede Globo) noticiou os fatos. Com o fim da farsa e o reatamento das relações entre Colômbia, Equador e Venezuela, os jornais aos poucos vão jogando no limbo o assunto outra vez, até que desapareça da memória do povo completamente. O que os “companheiros de viagem” queriam divulgar era a “magnanimidade” de Chávez e a periculosidade de Uribe, que sem piedade massacrou pessoas indefesas enquanto dormiam num modesto acampamento de jovens escoteiros, com o auxílio do belicoso império, claro. E não se fala mais nisso; os colombianos que se virem porque o problema “é deles”, como me dizem há quase 10 anos.


Na edição de ontem eu insinuei (porque há tempo havia recebido informações que levavam a crer) que a senadora colombiana, Piedad Córdoba, pleiteava candidatar-se à presidência da Colômbia em 2010 e que teria apoio das FARC. Hoje o Notalatina confirma, através de mais mensagens encontradas nos computadores de Raúl Reyes que me chegaram ontem à noite. Há, além desta informação, outras muito graves que são confissões de culpa de crimes cometidos e negados perante o governo Uribe, além de evidências comprometedoras do envolvimento deste bando terrorista com os governos da Venezuela e Equador, e uma revelação surpreendente de um “colaborador” que não vou dizer o nome; leiam até o final para descobrir quem é. Como não estão em ordem cronológica, escolhi aquelas mais relevantes que seguem com comentários meus.
Fiquem com Deus e até a próxima!


Seis dias depois do atentado ao clube “El Nogal” de Bogotá, reiteradamente desmentido, Raúl Reyes escreve ao Secretariado sobre o “formidável ataque ao El Nogal” no qual morreram 36 pessoas e 100 ficaram feridas. Com esta mensagem não resta mais nenhuma dúvida da autoria do crime por parte das FARC.


13 de fevereiro de 2003


Camaradas do Secretariado. Vai minha saudação comunista.
Adiciono análise da nota recebida de Lozano. Acho acertada nossa análise quanto ao evidente desespero de Uribe e da cúpula militar, pela ausência de resultados e das crescentes pressões... Considero pertinente de nossa parte estudar a conveniência política de negar responsabilidade na formidável ação sobre El Nogal, para fazer crer ao Estado, ao governo e aos gringos maiores contradições internas aproveitando que os serviços de inteligência não foram capazes de deter ninguém, nem possuem outras provas contra as FARC. É tudo.
Um abraço. Raúl.


Quize dias depois do assasinato de Liliana, irmã do ex-presidente César Gaviria Trujillo, Manuel Marulanda ‘Tirofijo’, que se identifica com as siglas JE, reconhece que foram as FARC que cometeram o crime.


13 de maio de 2006


Camaradas do Secretariado: Saúdo-os cordialmente e ao mesmo tempo para comentar-lhes o seguinte:
A proposta de fazer um comunicado relacionado com a morte da irmã do ex-presidente Gaviria é bom, porém não estou em antecedente para dar opiniões. Só estou certo que o pleno de 2000 deixou como conclusão em seus planos o justiçamento de chefes políticos comprometidos na guerra contra o povo.
Sem mais, JE (‘Tirofijo’).


Quatro dias depois do crime contra os 11 deputados colombianos seqüestrados em 2002 e assassinados em 2007, que as FARC cinicamente disseram que foram “mortos em combate”, ‘Tirofijo’ escreve ao Secretariado para planejar o modo como vão informar o crime e “sair-se bem”.


22 de junho de 2007


Camaradas do Secretariado:
Creio que já tiveram a oportunidade de conhecer minhas opiniões enviadas ao camarada Alfonso span style="color:#3333ff;">>(Cano – um dos cabeças das FARC) com motivo do ocorrido para ver se entre todos conseguimos encontrar uma saída mais compreensível para o público e familiares, na qual morreram todos eles e se o segredo se mantém até o momento, me surgem duas propostas: a primeira é aprazar o comunicado por longo tempo até quando as duas partes estejam sentadas na mesa falando do tema do intercâmbio. A segunda, informar que a guarda dos prisioneiros desertou junto com eles e em sua perseguição por uma companhia caíram todos em meio do combate, cujos cadáveres estamos dispostos a entregar aos familiares (e foi exatamente isto que estes assassinos fizeram e a televisão mostrou), tendo em conta que os refrões dizem: “que estas são pisadas de afogado”. Porque os fatos são os fatos.
Confirmar a presença de operativos conjuntos exércitos-paras, etc. contra as FARC na região e de nossa parte mantendo o segredo inicial e ao mesmo tempo sustentando a versão de que uma força desconhecida assaltou o acampamento, onde mostremos o local da entrada e saída do grupo assaltante; nos salvamos, não importa o tipo de especialista em investigações. Isso quer dizer que se você, Alfonso, antes de permitir a entrada de comissões humanitárias para receber os restos dos deputados organiza e planeja tudo bem para efeito de investigações, sairemos bem livres apesar de semelhante campanha.


Seguem duas cartas: uma de Raúl e outra de Tirofijo, fazendo referência à Piedad Córdoba e ao “plano estratégico” que é a entrega de US$ 300 milhões por parte de Chávez às FARC, ambas no fim do ano passado. É nesta carta que o próprio Marulanda Tirofijo dá seu apoio à candidatura da Piedad Córdoba à presidência da República. Isto prova que as ligações entre Chávez e as FARC vão muito além de interesses “humanitários”.


23 de setembro de 2007


Camarada JE, camaradas do Secretariado: Saudação franternal.
Não tenho objeções e nem contribuições à nova carta do camarada para Chávez. De alta política chamá-lo para trabalhar em conjunto com as FARC.
Retifico minha proposta de delegar o camarada Iván Márquez para que em representação do Secretariado e acompanhado de Marco León ou Santrich, participe da entrevista clandestina com o presidente Chávez, com a missão de expor o plano estratégico...
Piedad me contou, pedindo nossa confidencialidade, que Chávez contribuiu para obras sociais em seu estado com 100 milhões. Se for assim, não seria descartável nós conseguirmos os 250 milhões do Plano.

Abraços Raúl.


20 de novembro de 2007


Camaradas Secretariado:
Saúdo-os cordialmente e ao mesmo tempo para o seguinte:
A informação enviada pelo camarada Iván M., assinalando os resultados do encontro na Venezuela com o presidente Chávez, Piedad e finalmente com Gabino são elementos indispensáveis de analisar por todo o Secretariado com suficiente atenção...
Em minha opinião, o objetivo fundamental consiste em melhorar e consolidar relações políticas e de boa vizinhança de acordo com as instruções e cisrcunstâncias do momento, a curto ou longo prazo; complemento ao Plano Estratégico se cumpriram no aspecto político e econômico com a contribuição de (300). Faltando estabelecer as condições se é um empréstimo ou por solidariedade, o que resolve um sério problema estratégico na luta contra a agressão gringa na cabeça de Uribe e à primeira vista dá a impressão que o homem está interessado em contribuir na causa bolivariana das FARC para conseguir fortalecer seu projeto geopolítico em vários países...
Agora vejamos a segunda parte relacionada com o intercâmbio humanitário... Creio que se conseguirmos e assim o espero, oxigenar o presidente Chávez o quanto antes possível com as provas de sobrevivência, vamos sair fortalecidos com sua ajuda independentemente se consiguimos ou não o intercâmbio.
Com respeito ao trabalho realizado por Piedad C. como facilitadora é importante e saudável por suas gestões e digno de ter em conta como aliada na luta para conseguir a liberdade dos prisioneiros de ambas as partes, inclusive Simón e Sonia, sem esquecer que ela é uma líder fiel ao partido liberal embora se o merece, anda buscando protagonismo e dividendos políticos para seu partido em uma futura campanha presidencial. Se ela na conveção liberal resultasse eleita como candidata de seu partido, teria a possibilidade de ser presidente da Colômbia com o nosso apoio. (...)
Na carta enviada por Piedad ao camarada Raúl, vejo esta mulher como amiga e trabalhadora pelo intercâmbio em união com o presidente Chávez, a quem adora profundamente, tem uma grande facilidade mental e de linguagem até para nomeá-la como chefe de aves de rapina aspirante à Presidência da República.


Como se pôde constatar, esta víbora comuna e moralmente desqualificada aproveita-se da miséria humana dos seqüestrados e de seus familiares debilitados emocionalmente, para impulsionar sua candidatura à presidência da Colômbia, com o falso argumento, também usado por Chávez e Correa, de “ajuda humanitária”.


E aqui a parte mais surpreendente. Não é nenhuma novidade que Gabriel García Márquez é comuna, que idolatra Fidel Castro (mas não quer morar na Ilha) e defende todos os projetos esquerdistas. Agora, que ele fez contato recentemente com o ELN e as FARC, para servir de intermediário entra as duas facções narco-terorristas, foi uma surpresa enorme. De fato, lembro de ter lido sobre a possibilidade desses dois bandos narco-terroristas se unirem num só, mas nunca acreditei que viesse a se concretizar pois nenhum deles iria querer perder suas posições de chefia e liderança na região. Vejam esta comunicação feita por Alfonso Cano, em agosto do ano passado.


23 de agosto de 2007


Camaradas do Secretariado. Minha saudação.

O ELN está muito interessado em terminar a guerra com as FARC e quer começar solicitando informação acerca de quais unidades do ELN estão aliadas com os paramilitares contra as FARC, para o Coce dar as instruções e ordens que possibilitem encerrar essas alianças. Apesar de que as conversações que o ELN teve com Iván Márquez, não foi (sic) muito fraterna nem fluida, o ELN quer que as FARC saibam que o ELN não será nunca martelo, nem aríete contra as FARC. Que o melhor que pode ocorrer é um caminho unido entre as duas organizações para uma negociação política.
Os democratas dos USA, na Colômbia, que antes estavam na Venezuela, dizem ter uma clara postura para uma negociação política com as FARC. García Márquez está encarregado dessa intermediação com as FARC por conta dos USA e estes querem que o Panamá seja o país através do qual se fale com as FARC. Para isso, García Márquez já transmitiu essa solicitação a Torrijos e este aceitou. Clinton disse a García Márquez, em Cartagena: “quero ter uma tarefa pessoal Quero ajudar a Colômbia. É preciso buscar um acordo com as FARC”. O senador McGovern disse a García Márquez que Bush quer fazer da Colômbia o que era a Alemanha Ocidental frente à Europa socialista e é preciso impedí-lo. Disse além disso que o analista político especialista em Colômbia dos democratas é Adam Isackson.
Alfonso Cano.


Comentários e traduções: G. Salgueiro



domingo, 9 de março de 2008



Na última edição do Notalatina eu comparei Rafael Correa com uma prostituta com décadas de bordel que se ofende com um gesto vulgar de um cliente, como se se tratasse de uma donzela pudica; e não exagerava. Ocorre que a Interpol em Bogotá informou que em 27 de junho de 2007 enviou às autoridades equatorianas a informação de que Raúl Reyes estava na localidade de Santa Rosa de Sucumbíos, Equador, exatamente onde foi encontrado o acampamento – que nada tinha de provisório, como ficou demonstrado na edição passada – onde foram abatidos Raúl Reyes e mais 17 terroristas (ver gráfico da operação).


Ainda compondo esta alegoria – da prostituta ofendida -, some-se o “barraco” armado por Correa alegando invasão da soberania territorial do seu país, para promover um “massacre a pessoas indefesas enquanto dormiam”. Outra mentira descabida porque, em primeiro lugar, não eram “pessoas indefesas” mas terroristas sanguinários fortemente armados e que travaram combate corpo-a-corpo com os militares colombianos, como pode-se ouvir nas rajadas de metralhadoras neste vídeo liberado pelo Ministério de Defesa da Colômbia, feito no momento da invasão ao acampamento pelos próprios militares da “Operação Fenix”. Segundo o comunicado emitido pelo Ministério da Defesa colombiano, “Com as coordenadas, a Força Aérea Colombiana procedeu a atacar o acampamento desde o lado colombiano, tendo sempre em conta a ordem de não violar o espaço aéreo equatoriano”. O embaixador da Colômbia ante a OEA, Camilo Ospina, confirmou: “As bombas foram disparadas da Colômbia, a uma distância aproximadamente entre 3 a 5 milhas da fronteira”.


E o cúmulo do cinismo da vestal ofendida de que não sabia de nada - como um certo ‘cumpanhêro’ do Foro de São Paulo -, fica demonstrado nesta correspondência de Raúl Reyes para os camaradas do Secretariado das FARC, datada de 18 de janeiro de 2008, da qual destaco alguns pontos (com a numeração constante na correspondência):


2. “Atendemos visita do Ministro de Segurança do Equador, Gustavo Larrea, doravante ‘Juan’, que em nome do presidente Correa trouxe saudações para o Camarada Marulanda e o Secretariado”. Expôs o seguinte:
1. Interesse do presidente de oficializar as relações com a direção das FARC através de Juan;
4. Ratificam sua decisão política de negar-se a participar do conflito interno da Colômbia com apoios ao governo de Uribe. Para eles, as FARC são organização insurgente do povo...;
11. Solicitam de nosso chefe e do secretariado uma contribuição que impulsione sua gestão em favor da permuta, que pode ser entregue ao presidente Correa, o filho do professor Moncayo ou algo que permita dinamizar seu trabalho político;
12. Dariam documentação e proteção a um nosso, para que adiante em seu país o trabalho de relacionamento, que a seu critério deve ser discreto por riscos de uma captura ou assassinato por parte de agente de Uribe”.


Chega. Este moleque cínico manda um seu ministro negociar com o chefão das FARC – levando saudações -, objetivando unicamente melhorar sua imagem política; afirma interesse em estreitar relações com o bando terrorista; oferece documentos falsos para que um terrorista transite legalmente entre seus compatriotas e depois quer posar de vítima agredida nessa história sórdida e imoral? E este sujeitinho abjeto não tem um pingo de constrangimento em usar a vida um refém para fins pessoais e ainda tem a cara de pau de chamar isto de “gesto humanitário”?


A farsa do “não sabia” não pára por aí. Na terça-feira passada o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, fez uma intervenção no Senado daquele país para explicar o caso da “violação do território equatoriano” e informou a quantidade de vezes que notificou as autoridades equatorianas sobre a presença das FARC em seu país. Segundo Santos, desde o ano de 2004 documentaram-se 39 casos nos quais membros das FARC atacaram a Força Pública colombiana desde o outro lado da fronteira. Neles, resultaram mortos 20 soldados e policiais, 16 feridos e 1 soldado foi seqüestrado. O mais grave foi o ataque a Teteyé, Putumayo.


Desde 2006 até a presente data, foram enviadas 11 cartas através da COMBIFRON (Comissão Binacional de Fronteira – integrado por policiais, militares e representantes das chancelarias do Equador e Colômbia) ao governo equatoriano sobre a presença das FARC nesse país, ou do ataque a membros das Forças Militares e Polícia da Colômbia. O Equador negou essa presença e em outras ocasiões sequer respondeu. O governo colombiano enviou 10 comunicações a autoridades equatorianas e 16 notificações, todas elas sobre a presença das FARC naquele país mas só algumas foram respondidas. O Ministério de Relações Exteriores da Colômbia enviou 8 comunicações, a primeira datada de 13 de abril de 2007 e a última de 25 de fevereiro de 2008; uma delas é sobre o ataque a membros da Polícia em Puente Internacional Río San Miguel, desde o Equador. A Armada também registrou contatos desde o lado equatoriano: 31 informes desde abril de 2004, até 4 de fevereiro de 2008. Observem que as datas dos últimos informes, tanto da chancelaria quanto da Armada, são posteriores ao contato de “Juan” (Gustavo Larrea) com as FARC e, ainda assim, Correa nega seus vínculos com o bando terrorista e alega que não sabia de nada.


Então veio a XX Cúpula de Presidentes do Grupo do Rio e os fanfarrões Correa & Chávez começam a baixar o tom, a ficar pianinho, pianinho depois que Uribe ameaçou denunciar Chávez perante a Corte Penal Internacional. Chávez pode ser tudo menos burro. Ele sabe que as acusações que pesam sobre ele, depois de conhecidos os documentos constantes dos computadores de Raúl Reyes, são gravíssimas e ele poderia ser condenado. Vejam estes dois vídeos: num deles o governador de Maracaibo, Giancarlo Di Martino, entregando suprimentos a guerrilheiros do ELN como se fossem de fato amigos; isto não foi noticiado no Brasil e na Venezuela o caso foi rapidamente abafado. O outro é de um guerrilheiro desertor, de codinome “Argemiro”, contando que parte dos fuzis AK 47 comprados por Chávez, foram para prover as guerrilhas das FARC. Ambos os fatos ocorreram no começo deste ano.


Chávez deve ter falado para seu boneco de ventríloco, Correa, que a situação deles estava insustentável então, depois de vociferar uma montanha de ameaças e imprecações no primeiro momento da Cúpula (faço aqui um parênteses: o mundo inteiro noticiou que Chávez havia mandado tropas e tanques para as fronteiras com a Colômbia, mas um repórter da CNN em Espanhol disse na sexta-feira passada, que visitou todas as cidades fronteiriças e a única coisa que houve foi o fechamento das fronteiras; os moradores não viram um só soldado, muito menos guarnições ou tanques. Outra basófia do fanfarrão!), quando Uribe teve direito à réplica colocando muito competentemente os pingos nos “ii”, apareceu um novo Chávez, todo conciliador e amigo, dizendo: “Vamos, homem, resolvamos isto e vejamos como completamos a troca humanitária!”. Mesmo assim, fez algumas solicitações e justificativas tentando tapar o sol com a peneira. Acusou o governo de Bush de estar por trás do conflito porque está de olho no petróleo da Faixa do Orinoco; pediu a Rafael Correa para se envolver na troca humanitária porque ‘podia ser que alguns dos seqüestrados fossem libertados no Equador’ (e não foi isto exatamente que foi pedir o “camarada Juan” a Marulanda?); que sendo soldado patrulhou em território colombiano porque as tropas venezuelanas participavam do conflito com as FARC.


Em outro momento Chávez diz que vai pedir às FARC que deixem a guerrilha para poder se transformar em partido político. Esta é uma jogada infame que nem Uribe nem a OEA podem aceitar porque, como partido político, este bando terrorista passa a ser uma organização legal e ter reconhecimento internacional mas vão continuar com o tráfico de drogas, o aliciamento de menores e tampouco vão abandonar a guerrilha. O plano é macabro e pretende lançar a candidatura à Presidência da República da Colômbia em 2010, da desqualificada “bolivariana” senadora Piedad Córdoba – que recebeu do próprio Chávez a nacionalização como venezuelana -, com o apoio das FARC já como partido político legal.


Depois disso o clima no encontro passou a ser o de “conciliação” com Chávez, Correa e Uribe se cumprimentando, selando o fim do conflito. Entretanto, o documento final da cúpula incluía um pedido formal de desculpas da Colômbia porém sem a condenação explícita do resto dos países. Segundo o texto, “a presença das FARC no território equatoriano era clandestina”. Parece uma boa solução mas os grandes vencedores deste conflito foram Correa e Chávez, uma vez que Uribe prometeu esquecer a ameaça de denunciar Chávez ante a Corte Penal Internacional. Não resta dúvida de que houve uma costura bem feita em que Uribe conseguiu evitar – por agora – uma guerra civil no continente que poderia ter conseqüências muito imprevisíveis, considerando que ele está praticamente isolado por não pertencer ao Foro de São Paulo, na verdade, o grande interessado nesse conflito e em proteger e promover criminosos narco-terroristas. Ficou claro, também, a superioridade de Uribe - em todos os sentidos –, mostrando que a Colômbia sim, tem um estadista, um homem digno, corajoso e firme do qual todos devem se orgulhar.


A nota dissonante (para alguns) nesse imbroglio, é a postura do Brasil ante fatos tão graves que quase nos levaram a uma guerra de conseqüências imprevisíveis. Amorim, o chanceler escalado para posar de pacificador, preferiu ficar em cima do muro mas deixando um recado meio velado a Bush de que “este é um conflito regional” onde os Estados Unidos não devem se meter. Ao lado disso, Lula foi o único presidente do bloco do Grupo do Rio que preferiu amenidades a ter que enfrentar a situação com um homem: acovardou-se solenemente porque ali não haveria como esconder suas preferências pelos parceiros no Foro de São Paulo – Chávez, Correa, Ortega -, mas também não poderia se queimar perante o mundo negando apoio a “meu amigo Uribe”. Covardia, omissão vergonhosa, cumplicidade com o narco-terrorismo, são as únicas justificativas que encontro; aliás, ficou visivel na fisionomia constrangida de Lula ao receber Correa em sua visita relâmpago ao Brasil, sem poder condenar oficialmente o governo da Colômbia.


E quando eu estava fechando esta edição recebi de um amigo uma matéria publicada hoje, pelo jornal El Universal, informando que documentos encontrados nos computadores de Raúl Reyes revelam prováveis vínculos das FARC na campanha eleitoral de Correa em novembro de 2006. Lembro que na ocasião eu afirmei minha certeza na vitória deste candidato porque ele, como tantos outros esquerdistas da América Latina, era o candidato do Foro de São Paulo e, conseqüentemente, das FARC. Uma das cartas encontradas é datada de 17 de setembro de 2006, antes do primeiro turno, cuja eleição ocorreu em 15 de outubro desse ano.


Segundo a publicação, trata-se de uma carta enviada por Raúl Reyes a Tirofijo em que o guerrilheiro ‘02” diz: “em nota enviada ao Secretariado explico sobre a ajuda à campanha de Rafael Correa de acordo com sua instrução”. Outra carta, datada de 12 de outubro de 2006, é uma enviada por Marulanda a Reyes, em que este indica que “o Secretariado está de acordo em proporcionar a ajuda aos amigos do Equador”. E mais adiante “A minha (de Marulanda) proposta foi a de 20.000 dólares, Jorge (seria Briceño, o “Mono Jojoy”?) propõe 100.000 dólares e oferece 50.000 e me autorizou para consegui-los com Joaquín (Joaquín Gómez, substituto de Reyes?) e fazê-los chegar até você. Se você tem a possibilidade de consegui-los emprestado com uma Frente [das FARC] enquanto começamos a fazê-los chegar para reembolsá-los, melhor. Aos amigos lhes pode fazer saber imediatamente antes que seja tarde, a quantia da ajuda e com esta notícia eles podem trabalhar conseguindo um empréstimo enquanto chega o nosso para cancelar o empréstimo”, acrescenta o chefe máximo da guerrilha.


Uma dessas cartas foi lida por Uribe durante a cúpula, de frente para Correa, que de imediato rechaçou a versão qualificando-a de “infâmia”. Bem, espernear é fácil; quero ver provar que é mentira, pois amanhã chegam membros da Interpol de várias partes do mundo para analisar a autenticidade dos documentos encontrados nos computadores de terrorista Raúl Reyes. Bem, será que vão encontrar também as doações que Oliverio Medina teria supostamente feito ao PT, para a eleição de Lula em 2002? Se calhar, foi por isso – além de serem “cumpanhêros” no Foro de São Paulo – que o governo brasileiro concedeu status de “refugiado político” a este terrorista criminoso das FARC...
Fiquem com Deus e até a próxima!


Vídeo do Ministério da Defesa da Colômbia, colhido do site Defesa Net. Comentários e traduções, Graça Salgueiro.