segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Comunicado de UnoAmérica-Brasil


COMUNICADO DE UNOAMÉRICA-BRASIL

Face às inúmeras tentativas oriundas de diversas ONGs e entidades da 'sociedade civil' supostamente 'neutras', como a OAB e suas Regionais, de reformar a Lei de Anistia, promulgada para pacificar a Nação Brasileira, tornando-a assim um instrumento revanchista para demonizar e crucificar nossos dignos militares que salvaram o País do destino terrível de se transformar numa nova Cuba de dimensões continentais, enquanto teroristas, guerrilheiros e assassinos auferem lucros imensos com indenizações como beneficiários da referida Lei, UNOAMÉRICA-BRASIL se pronuncia oficialmente, através de seus Delegados Nacionais.

Consideramos que estas tentativas estão inseridas na estratégia continental do Foro de São Paulo para desmoralizar as Forças Armadas da América Latina e as entidades civís que as apoiaram aqui em 1964, estas últimas já totalmente intimidadas a ponto de não se manifestarem. Não negamos que houve excessos, mas condenar as Forças Armadas como um todo e isentar terroristas e guerrilheiros de suas ações nefastas, tornando-os impunes por combater 'pela democracia', quando sabemos que sua intenção não era nada democrática mas visava implantar o comunismo no Brasil, é falsificar a história e deturpar a visão dos brasileiros, principalmente da juventude, sobre os fatos ocorridos há mais de quarenta anos. A condenação prévia a qualquer julgamento, como vem ocorrendo com alguns oficias denominados 'torturadores' antes de serem assim considerados pela Justiça, baseada unicamente em depoimentos e testemunhos dos interessados em levá-los à execração pública, é particularmente revoltante.

Esta estratégia vem dando certo nos demais países de nosso Continente com retubantes pseudo-julgamentos, particularmente na Argentina e no Uruguai, nações hoje dirigidas por terroristas Montoneros e Tupamaros, respectivamente, além da Colômbia que, apesar de contar com um presidente que honra, respeita e exalta seus militares e suas Forças Armadas, tem hoje infiltrados das FARC e do falido M-19 nos mais altos escalões da Justiça que estão invertendo a História e condenando a longas penas seus heróis nacionais.

Condenamos tais iniciativas e esperamos que as mesmas não tenham êxito no Brasil.

21 de dezembro de 2009

GRAÇA SALGUEIRO
HEITOR DE PAOLA

Delegados nacionais de UNOAMÉRICA

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Chávez em Mali: casas, drogas e um avião incinerado

Na edição anterior do Notalatina eu fiz uma denúncia gravíssima que não teve qualquer repercussão, pelo menos não a esperada, e isso me fez lembrar de quando o Olavo e depois eu mesma falávamos do Foro de São Paulo (FSP), e as pessoas riam de nossas caras nos rotulando com os epítetos mais absurdos e estúpidos. Assim me parece quando advirto sobre o perigo das FARC pois, para muita gente, isto é um problema da Colômbia que nada tem a ver conosco, do mesmo modo que Chávez é tratado apenas como um bufão grosseiro e voluntarioso, e não como um criminoso sócio das FARC que é o que realmente ele é. Pois muito bem, o FSP já não é mais novidade e hoje até os que gentilmente nos colavam aqueles rótulos falam do Foro com a desenvoltura de grandes estudiosos que “sempre” nos alertaram para o perigo.

Assim é também com relação às FARC e sua mais nova organização, o Movimento Continental Bolivariano (MCB). Em princípios de abril deste ano, enquanto nos preparávamos para o Encontro de UnoAmérica no Rio, comecei a receber ameaças de um dos “Círculos Bolvarianos” existentes no Brasil e três dias antes de viajar, recebi uma ameaça claríssima do “Comando Central do Coletivo de Círculos Bolivarianos do Rio de Janeiro” em forma de “convocatória” à sua militância, para “eliminar fisicamente” Alejandro Peña Esclusa e aos demais palestrantes. Nele constava data, hora e local do primeiro dia do evento, motivo pelo qual tivemos que trocar às pressas sem contudo relatar este fato publicamente; resolvemos a questão que ficou restrita aos organizadores do evento e a Alejandro, obviamente. Faço-o agora, tanto tempo depois, para provar que essas organizações estão muito bem infiltradas no Brasil e são uma ameaça a nós todos, não só aos colombianos e venezuelanos. Para se compreender a gravidade e periculosidade deste novo organismo comuno-terrorista em sua real dimensão, indico a leitura do artigo “O que fazer com o Movimento Continental Bolivariano?” do jornalista franco-colombiano Eduardo Mackenzie, publicado hoje no site de Heitor De Paola.

Duas notícias aparentemente sem conexão, ambas divulgadas na Venezuela em princípios de novembro sem a mais mínima repercussão na imprensa brasileira, põem em evidência – mais uma vez – as ligações de Chávez com o narco-tráfico colombiano. Em fins de setembro, quando houve a cúpula África-América do Sul na Ilha Margarita, Venezuela, Chávez teve um encontro particular com o presidente de Mali, Amadou Toumani Touré, onde mostrou-se particularmente interessado naquele longínquo país africano. Àquela altura ele já havia feito pesquisas e se apresentou ao encontro com um mapa nas mãos, dizendo-se muito interessado nos rios Senegal e Níger, que podem proporcionar boas terras irrigadas para a agricultura.


Chávez se disse interessado por três países da sub-região para fazer deles modelos de exploração de recursos minerais: Mali, Mauritânia e Nigéria, mas preferiu fazer de Mali seu centro de atuação por causa de sua posição geográfica. Dali para projetos de abertura de um banco venezuelano em Mali e a oferta de abrir uma linha de crédito para construção de casas foi um pulo. Conforme se vê na foto, a placa indica: “Presidente da Republica Bolivariana da Venezuela Hugo Chávez Frias. Projeto: Construção de 100 residências sociais”. Consta uma logomarca da “Fundação Missão Habitat”, do “Governo Bolivariano da Venezuela”, “Ministério do Poder Popular para a Defesa”.

A Venezuela tem um déficit habitacional de 2 milhões de casas e Chávez construindo em Mali, um país do qual ninguém fala e muita gente sequer sabe a existência ou onde se localiza. Agora já se está discutindo por lá uma “pequena” modificação na Constituição que permita o presidente se candidatar à reeleição e o CNE até iniciou uma missão de “apoio técnico” a Mali. Estranho, tudo isso, não? Por que tanto interesse em um país paupérrimo, do outro lado do mundo e que praticamente não tem nada a oferecer em troca? Vejam agora os reais motivos de tanta benemerência.

Pouco depois da deposição de Zelaya em Honduras, as Forças Militares começaram a encontrar aviões de pequeno porte abandonados e queimados, de matrícula venezuelana, e que indicavam ter sido incinerados propositalmente depois de esvaziado seu carregamento de drogas. Antes da deposição de Zelaya Chávez facilitava o comércio de droga das FARC à Honduras, daí porque um dos principais motivos da ira dos amigos das FARC com a deposição de Zelaya e a insistência em sua volta ao poder, pois agora as coisas haviam mudado e aquela rota não podia mais existir. Por que vocês acham que Lula e seus comparsas deram tanto apoio a Zelaya, cedendo ilegalmente a nossa embaixada para o criminoso ex-presidente, e até hoje insistem em não reconhecer as eleições legítimas consagradas no domingo 29 de novembro? Porque todos são comparsas no Foro de São Paulo e por isso se apóiam. Ademais, se Lula aceitar as novas condições vividas em Honduras estará, implicitamente, negando seu apoio aos amigos e companheiros “farianos”.

Perdida Honduras, Chávez “descobriu” Mali, acreditando que com a extrema pobreza daquela região, com seus sempre inesgotáveis petrodólares podia comprar tudo, inclusive novas rotas para escoar o tráfico de droga das FARC descarregando diretamente na África. (Antes a droga saía da Colômbia para a Venezuela; de lá, partia para os países da América Central que enviavam para a África e daí para a Europa).


“No dia 5 de novembro foi encontrado um Boing de carga que partiu da Venezuela e aterrissou em uma pista improvisada a 15 km de Gao, ao noroeste de Mali, antes de descarregar a cocaína e outros produtos ilícitos”, disse em Dakar Alexandre Schimidt, responsável regional do Departamento das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (UNODC em sua sigla em inglês). A quantidade de droga que este Boing carregava é desconhecida uma vez que não foi encontrada; entretanto, segundo Schimidt, este tipo de avião pode carregar até 10 toneladas de cocaína.


A técnica empregada foi a mesma que se utilizava em Honduras: depois de descarregado, o avião deve ser incinerado para não deixar vestígios da droga ou impressões digitais da tripulação. Preocupado, Schimidt afirma que “o avião foi logo incinerado pelos traficantes para fazer desaparecer qualquer rastro, porém os números de referência foram registrados e se está fazendo uma investigação sobre quem é o proprietário. Não foi encontrado nenhum cadáver no lugar”, o que reforça a tese de que o avião não caiu mas aterrissou e foi propositalmente queimado (ver detalhes nas fotos). Ainda segundo Schimidt, “não se sabe desde quando se faz este tipo de vôo, nem se pode precisar que este foi o primeiro ou o último vôo deste tipo. Porém, isto já pode ser considerado como um novo modo de operar e isso é inquietante porque não há cobertura de radar nesta zona”.

O descobrimento em julho pelas Forças de Segurança, na Guiné, de importantes quantidades de produtos químicos em vários locais de Conakry, prova que tudo está instalado para fabricar heroína a partir do ópio, cocaína pura e êxtase. Nos últimos anos, a droga que circula pela África ocidental, em especial a cocaína, estava nas mãos dos cartéis colombianos que passam

pela Venezuela. “Porém, agora há cada vez mais grupos de nigerianos que vão ao Brasil para comprar a droga e depois transportá-la para a Europa por meio de habitantes desse país no exterior”, precisou Schimidt. Aqui em Recife é comum aparecer na televisão nigerianos detidos no aeroporto quando tentavam embarcar com quantidades enormes de cápsulas de drogas ingeridas e que aparecem no Raio-X em seus estômagos. E isso não é coisa nova, tampouco rara...

Então, cada vez mais se comprova o envolvimento de Chávez com as FARC, não só oferecendo ou recebendo dinheiros ilícitos mas, sobretudo, colaborando no tráfico de drogas, na lavagem de dinheiro proveniente das “transações comerciais” desses criminosos, além do apoio e guarida aos membros do seu Secretariado. Já está mais do que comprovado que “Iván Márquez” tem escritório em Forte Tiuna, na Venezuela, que antes era usado por Raúl Reyes; que “Rodrigo Granda” tem residência própria com escritura passada em cartório na Venezuela, além de cédula de identidade e registro eleitoral venezuelanos. O que falta, então, para que os políticos brasileiros rechacem definitivamente o ingresso deste ser peçonhento e criminoss no MERCOSUL? Será que já não temos marginais e criminosos bastantes por aqui? As provas abundam a cada dia e só não vê quem não quer ou é conivente com elas!

Na próxima edição volto a falar de Cuba e sua violenta repressão, mas a Cuba que eu conheço, com vídeos de agressão a opositores de verdade que são chocantes. Aguardem! Fiquem com Deus e até a próxima!

Fontes: primature.gov.ml e www.noticias24.com

Comentários e traduções: G. Salgueiro

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

MCB - FARC - FSP: membros de um mesmo corpo

Há muitos anos venho denunciando - com provas fidedignas –, junto com outros amigos como Olavo de Carvalho e Heitor de Paola, só para citar dois deles, as ligações de Chávez e o Foro de São Paulo (FSP) com as FARC, embora todos os governos envolvidos insistam em negar com palavras, o que ratificam a cada dia com atos que já nem se preocupam em dissimular ou ocultar; apenas continuam cinicamente negando. A comprovação maior desta aliança ficou patente com a descoberta dos computadores de Raúl Reyes, “John 40” e outros chefes guerrilheiros entre março e outubro do ano passado, que o Notalatina divulgou e analisou na ocasião. Depois disso, muitas denúncias foram feitas através de artigos e livros publicados por competentes analistas, como “El Foro de São Paulo contra Álvaro Uribe”, de Alejandro Peña Esclusa, ou “Complot contra Colombia”, do coronel Luis Alberto Villamarín Pulido, (ambos meus amigos pessoais e cujas obras continuam inéditas no Brasil por falta de interesse das editoras nacionais na publicação), ou ainda de ex-seqüestrados que em várias passagens referem ter recebido algum material provindo da Venezuela ou mesmo que estavam acampados em solo fronteiriço com o Equador ou a Venezuela.

No início desta semana, entre 7 e 9, aconteceu o Congresso Constitutivo do Movimento Continental Bolivariano (MCB), em Caracas, que reuniu mais de 30 agrupações comunistas (me recuso ao eufemismo de chamar esta gente de “esquerdista” ou de “manifestantes populares”) onde participaram em torno de 300 delegados internacionais e 500 nacionais. Este congresso surgiu da “necessidade” de ampliar o espectro de ação da antiga “Coordenadora Continental Bolivariana”, criada em 2003 por Alfonso Cano e que teve as bênçãos e difusão de “Iván Márquez” e “Timochenko”, ambos do Secretariado Geral das FARC.

No segundo Congresso da Coordenadora Continental Bolivariana, ocorrido em 28 de fevereiro de 2008, um dia antes do abate de Raúl Reyes, este enviou uma saudação em vídeo que o Notalatina publicou na época e republica nesta edição, para que as provas fiquem todas juntas.




Neste segundo Congresso, ocorrido dentro do Fuerte Tiuna, que é o bastião das Forças Militares e Ministério da Defesa da Venezuela, acordou-se reconhecer as FARC e outros bandos terroristas como “forças beligerantes”, apoio à troca “humanitária” de seqüestrados na Colômbia, e o despejo dos municípios de Pradera e Florida. “Coincidentemente”, depois estas mesmas petições fizeram parte das deliberações do Foro de São Paulo nos encontros do Grupo de Trabalho e no Encontro anual, ambos ocorridos no México.

Neste encontro fundacional do MCB nem Chávez nem o grilo falante do PT, Marco Aurélio Garcia, tampouco Valter Pomar estiveram presentes; entretanto, sua participação fica implícita, uma vez que todas as deliberações giraram em torno dos mesmos temas abordados pelo FSP, a ALBA, a UNASUL e o MERCOSUL, ou seja: a situação de Hondura e a insistência ridícula e caolha de não aceitar o novo presidente eleito legalmente, continuar chamando de “golpe militar” e querer Zelaya no governo; a “exigência” da retirada da IV Frota e dos militares americanos das bases da Colômbia, - que eles cinicamente insistem em dizer que são “bases norte-americanas” -, e o principal, já afirmado desde os primeiros anos de criação do FSP, do reconhecimento legal das FARC como “forças insurgentes beligerantes” com poder político. Não é preciso estar presente ou de algum modo representado neste encontro específico para saber que Lula e seus “assessores” para assuntos exteriores apoiaram as propostas debatidas ali.

No vídeo abaixo, o secretário do MCB, Carlos Casanueva afirmou em entrevista com a diretora do Canal NTN24 e do programa La Noche, que sua organização respalda as FARC e jamais as considerará como uma organização terrorista. Quer dizer, não há mais a menor preocupação esconder ou negar que todos fazem parte de um mesmo corpo.




Neste outro vídeo o MCB nomeia Alfonso Cano como seu “chefe honorário” e pode-se ver a cara de Marulanda Tirofijo no banner do evento como um dos “lideres” do Movimento. No manifesto elaborado em 29 de novembro, a coordenação do movimento chama a todos e todas a “nos encontrarmos neste grande espaço estratégico de unidade e ação que nos chamam o Libertador Simón Bolívar, Miranda, Artigas, o Che, Morazán, Caamaño, Lautaro, Martí, Amaru, Katari, Alfaro, Sandino, Farabundo, Prestes, Betances, Manuelita, Marulanda, Zapata e Villa e todos os heróis e heroínas da liberdade americana”.



No sábado 5 de dezembro, que antecedeu o evento, a Direção Geral do MCB ofereceu uma coletiva de imprensa em que expuseram com uma clareza meridiana quem são e o que pretendem os membros desta nova organização, parida e gerida no ventre das FARC. É importante observar que esta organização nasce com estrutura de partido político, talvez o “partido” que vai servir de apoio às FARC caso eles consigam realizar o que Lula sugeriu em abril deste ano, ou seja, transformar-se num partido político para disputar eleições pela via democrática, para depois destruir a democracia legalmente, como aliás, todos os membros do FSP estão fazendo. Esta coletiva é oferecida por Carlos Casanueva Troncoso, Secretario Geral da Comissão Executiva do MCB e membro do Comitê Central do Partido Comunista Chileno; Narciso Isa Conde (que é citado incontáveis vezes nos correios de Raúl Reyes) da Presidência Coletiva da República Dominicana e Yul Jabour, do Comitê Central do Partido Comunista Venezuelano e da Direção Geral da CCB-Venezuela.

Neste áudio, que pode-se ouvir aqui, Casanueva agradece o apoio de Chávez em todos esse anos, o que corrobora suas alianças com as FARC, por mais que ele negue suas ligações siamesas com o bando desde sempre.

O ponto culminante do evento, entretanto, ficou por conta do vídeo enviado por Alfonso Cano, substituto de Marulanda como Chefe do Estado Maior Central das FARC que foi ovacionado pelos presentes. Vejam bem: o primeiro encontro da Coordenadora Continental Bolivariana ocorreu em 2003, dentro das próprias FARC. Em 2008, as FARC já estavam muito visadas e não participavam de nenhum encontro de corpo presente (como nos do FSP) mas não deixavam de enviar suas mensagens escritas ou em vídeo, como este segundo congresso que aconteceu na Venezuela, embora quando da morte de Reyes Chávez tivesse negado envolvimento com estes bandidos. Fica patente que esta escória terrorista nunca, jamais, em tempo algum, esteve afastada nem de Chávez, nem de Lula, nem do FSP.

No início de seu discurso Cano diz o seguinte:

“Compatriotas latino-americanos e caribenhos assistentes a este histórico evento, companheiras e companheiros: recebam a saudação entusiasmada do Secretariado, do Estado Maior Central, do corpo de comando e da guerrilheirada das FARC-EP, assim como de todos os integrantes das milícias bolivarianas.

Constituir um movimento político continental, de essência bolivariana, justo quando o império estadunidense desloca sua força militar na Colômbia e dispõe, ameaçadoramente, seus aparatos de guerra e terror contra os povos latino-americanos e caribenhos, é não só uma necessidade histórica senão um dever inadiável que sinaliza o horizonte da unidade combativa de nossos povos em defesa de sua dignidade, independência, história, valores, cultura, território, recursos humanos, riquezas naturais e do inalienável direito a forjar soberanamente seu futuro”.

E segue com esse bla-bla-bla, sem esquecer de dizer que é necessário derrotar “o império” e o capitalismo, causa de todos os males da América Latina. Entretanto, apesar de odiar o capitalismo e sobretudo os Estados Unidos, vejam o laptop que ele está usando! Não pude deixar de dar uma gargalhada mas de escárnio, porque um MacBook é genuinamente americano, coisa para capitalista burguês! Bando de hipócritas!

Assistam abaixo seu discurso e chorem de emoção.


Alfonso Cano saluda a los bolivarianos congregados en Caracas

Cavaleiro do Templo | MySpace Video


Dirijo-me agora não só a meus dois ou três leitores habituais mas de modo específico aos senadores brasileiros que irão votar a entrada de Chávez no MERCOSUL dia 15. Vejam o que disse o comunista dominicano Narciso Isa Conde, a respeito da participação das FARC neste MCB:

“As FARC são um dos componentes (do MCB), participam inclusive da presidência colegiada. Por decisão desse congresso, a presidência coletiva do MCB tem entre seus membros o desaparecido chefe máximo e fundador das FARC, Manuel Marulanda Vélez”.

É importante salientar ainda que é o site da Radio Nacional da Venezuela, um órgão do governo pertencente ao Ministério do Poder Popular para a Comunicação e a Informação do Governo Bolivariano da Venezuela quem está divulgando as informações deste evento, ou seja, tem o apoio integral do presidente Chávez. Ademais, Yul Jabour é deputado do Parlamento Latino-Americano, Parlatino, portanto, é um membro do Governo com representação internacional quem afirma que “o MCB não discrimina a forma de luta e em conseqüência acolhe qualquer movimento insurgente, inclusive a guerrilha das FARC”, corroborando mais uma vez o reconhecimento que Chávez fez às FARC em março de 2008, quando pediu um minuto de silêncio em memória de Raúl Reyes.

Além disso, tanto a Venezuela quanto a ALBA, o MERCOSUL, a UNASUL são membros plenos de acordos e resoluções da ONU a respeito do combate ao terrorismo e estão obrigados a acatá-los e cumpri-los. Nenhuma justificativa ideológica pode respaldar o desconhecimento desses acordos nem desconhecê-los unilateralmente sem incorrer em sua violação. Então, o que dizer em relação às declarações do deputado Jabour e do próprio Chávez em relação a este Movimento Continental Bolivariano cujo presidente é o Chefe do Estado Maior das FARC? Qual vai ser a desculpa agora? Que argumentos têm (ou terão) os defensores da entrada de Chávez no MERCOSUL, depois deste evento nefasto, afrontoso e descarado? Quem cospe sobre a própria assinatura em acordos internacionais com a ONU e o Conselho de Segurança Nacional, o que fará com relação aos estatutos do MERCOSUL que ele já viola flagrantemente?

Pensem muito nisto antes de dar o seu aval a esta entrada, porque o Sr. da Silva é comparsa de Chávez em todas estas patifarias e por isso defende sua entrada no bloco aduaneiro, por isso todos eles, as FARC sobretudo, se opõem inventando mentiras, ao acordo bilateral entre a Colômbia e os Estados Unidos porque sabem que isto pode significar o fim das FARC, por isso insistiam na reposição do golpista Zelaya ao poder e por isso necessitam criar mais e mais organismos que defendam “todas as formas de luta”.

E para terminar esta edição de hoje, deixo-os com o vídeo onde o Cel Luis Villamarín, que conhece as FARC em suas entranhas pois foi seu combatente quando estava na ativa no Exército da Colômbia, explica que as FARC são precursoras deste tal movimento. Espero que aproveitem todas estas informações e analisem em que barco furado o des-governo comuno-sindicalista do Sr. Lula está nos levando. Fiquem com Deus e até a próxima!

Traduções e comentários: G. Salgueiro



quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A Cuba que eu conheço

O delinqüente ditador da Venezuela continua infernizando o presidente Uribe e a vida da Colômbia, ameaçando com guerra e em seguida recuando, desmentindo o que disse mas que está gravado em vídeo. Entretanto, este é um assunto que devo tratar nos próximos dias porque é um tema que tem muitos detalhes e incontáveis implicações, falsidades, manipulações e não pode ser tratado assim “de raspão”. Por isso, hoje eu volto a falar de Cuba, a Cuba que eu conheço e da qual o mundo nunca reclamou, nem fez passeatas de protesto, tampouco abaixo-assinados em sua defesa.

Na última edição eu denunciei a degradante situação a que estavam submetidos 11 opositores do regime castro-comunista da Ilha, que se mantinham “plantados” (esta expressão não tem tradução exata para o português, mas seu sentido quer dizer “aquele que resiste”, “resistente”) a todas as barbaridades que a Polícia Política praticava e permitia que se cometesse contra eles, e que culminou em uma greve de fome iniciada no dia 10 de novembro. Eles resolveram encerrar a greve na segunda-feira e emitiram um comunicado que traduzo abaixo, dada sua importância.

Em seguida, apresento alguns vídeos que, ao que tudo indica, se não foi do conhecimento do público que diz se preocupar com a situação dos cubanos “a pé”, pelo menos não suscitou qualquer reclamo ou espanto. Me refiro ao Brasil, é claro, pois o primeiro vídeo foi divulgado no mundo inteiro com uma repercussão espantosa, motivo pelo qual seu principal “ator” acabou preso e condenado num julgamento sumaríssimo a 2 anos de reclusão. Mas esta história só pode ser contada e compreendida na seqüência dos três vídeos (de poucos minutos cada) que faço após o comunicado da Rede Cubana de Comunicadores Comunitários.

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Opositores cubanos finalizam o “plantão” de 40 dias, porém anunciam protestos

Uma dúzia de opositores cubanos puseram fim nesta segunda-feira ao “plantão” e jejum que realizavam desde há 40 dias, sem obter seu objetivo de devolução de uma câmera fotográfica confiscada pela polícia; porém, proclamaram sua vitória e que continuarão seus protestos contra o regime.

“Os plantados durante 40 dias e depois de um jejum de oito dias, queremos comunicar nossa decisão de cessar esta atividade, porém não nosso protesto contra o regime (...) que nos confiscou todo tipo de liberdade”, disse em um comunicado lido por um deles, na presença de seus líderes Martha Beatriz Roque e Vladimiro Roca.

Ambos os dirigentes, os quais declinaram de oferecer declarações à imprensa nesta segunda-feira, iniciaram o plantão (protesto) na casa de Roca, no bairro havanero de Nuevo Vedado, junto com outros 10 dissidentes.

A câmera fotográfica que estamos reclamando não é o objetivo final deste protesto, senão o símbolo de nossos direitos, e entendemos que a negativa oficial em devolvê-la mostra que o governo não tem vontade de mudança”.

Com respeito ao “ato de repúdio” que mais de uma centena de partidários do governo realizou durante vários dias em frente à casa de Roca, os dissidentes disseram que “essa retórica transmite cansaço aos que sabem da necessidade de uma mudança democrática na ilha”.

Também consideraram que, em que pese haver cessado o protesto, este não foi “em vão” e que desta vez “o governo cubano perdeu”, sem explicar as razões que os levam a essa afirmação.

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É possível imaginar que alguém possa ser condenado a dois anos de prisão, por dizer frente às câmeras de televisão que em seu país se passa fome? Pois foi o que aconteceu com Juan Carlos González Marcos, conhecido como “Pánfilo”, um cubano de 48 anos de idade como milhares de outros que não fazem parte da Nomenklatura e que passam todo tipo de privações, inclusive e sobretudo, fome. No começo de agosto a televisão cubana fazia uma entrevista na rua sobre música quando Pánfilo, que passava por perto, postou-se frente à câmera e gritou completamente bêbado: “O que nos faz falta é um pouco de comida! Faz falta comida, pois há uma tremenda fome!”. Este vídeo logo começou a circular pelo YouTube e em questão de dias alcançou o expressivo número de 460.000 visitas.

A repercussão deixou o regime apavorado e no dia 12 de agosto Pánfilo foi sentenciado, num julgamento sumaríssimo, a dois anos de prisão pelo “delito” de “periculosidade social pré-delitiva”. Segundo o Código Penal cubano, o delito de “periculosidade” se aplica a pessoas cuja conduta é “inclinada” a cometer delitos e que incluem “embriaguês, narcomania e conduta anti-social”. Vale salientar a subjetividade da expressão “conduta anti-social” no dicionário castrista, pois no meu (e em todos os dicionários psiquiátricos) significa alguém que se comporta de maneira repulsiva e inadequada na sociedade, podendo ser agressivo, obsceno, desrespeitoso da lei e da ordem, separadamente ou tudo ao mesmo tempo. Em Cuba, entretanto, é sinônimo de alguém que se posta contra o regime ditatorial, por mais manso, pacífico e educado que seja.

Abaixo vocês podem ver o momento de explosão de Pánfilo denunciando a fome endêmica que se passa na Ilha.




Pánfilo foi condenado no dia 12 de agosto e permaneceu na prisão por um mês, quando então seu advogado conseguiu reverter a pena à reclusão no Hospital Psiquiátrico “Enrique Cabrera” para tratamento de alcoólicos e em seguida foi transferido para o Hospital Psiquiátrico “Mazorra”. Este hospital Mazorra ficou conhecido como um centro de reclusão de presos políticos, que eram levados para lá para sofrerem torturas, eletro-choque, os quais deixaram seqüelas físicas e psicológicas gravíssimas e muitas vezes levou os “pacientes” à morte. O mais notável torturador deste centro de experimentos psiquiátricos, onde as mais aberrantes torturas eram infligidas aos presos políticos, foi o enfermeiro Eriberto Mederos, conhecido como o “Anjo da morte”, que lamentavelmente morreu sem cumprir a condenação que lhe foi imposta em um julgamento legítimo realizado nos Estados Unidos, em julho de 2002, pois padecia de câncer e morreu logo após receber a sentença.

No vídeo abaixo, feito com grande risco e sob ameaças, a repórter consegue em breves cinco minutos conversar com Pánfilo que se diz agradecido por poder se tratar do alcoolismo. Entretanto, é possível perceber o estado confusional em que o mesmo se encontra, repetindo a mesma frase para qualquer pergunta feita. Não é possível avaliar a quantidade de drogas que haviam lhe fornecido mas é evidente que estavam fazendo uma “faxina mental” e não desintoxicação ao alcoolismo, tanto que ele já voltou ao vício. Tudo que este homem de sorriso largo e dentes perfeitos deseja é trabalhar e levar uma vida que para nós é normal, inclusive ele diz que foi da Marinha mas que pode trabalhar em qualquer coisa, o que importa é ter um trabalho.




Agora em novembro apareceu outro vídeo de Pánfilo, completamente embriagado, novamente fazendo acusações ao regime e inclusive chamando Raúl Castro de “maricón”. O vídeo foi publicado pelo Canal 41 de Miami, América TeVe e nele Pánfilo diz que quer sair de Cuba, que vai sair de Cuba e pergunta: “Até quando é isto?”, referindo-se ao regime. Mais adiante, quase em desespero grita em sua embriaguês na escuridão do Malecón de Havana: “Eu vou em um pau, em uma lata ou em uma bacia, mas eu vou! Tu podes estar seguro que Pánfilo se vai”, e acrescenta que a Segurança do Estado conhece suas intenções. Vejam o vídeo:




Bem, não sei o que vai acontecer com este pobre homem mas sei que esta é a cotidianidade cubana. Esta é a Cuba que eu conheço desde que comecei a estudar o assunto e a fazer amigos dentre os dissidentes, alguns exilados pelo mundo, outros, muito poucos pela precariedade de comunicações, dentro da Ilha mesmo. Há 10 anos... E não vi mudar NADA, nem conheço qualquer tipo de liberdade de expressão dentre a gente comum, aquela que mesmo sem qualquer envolvimento político, como é o caso de Pánfilo, foge apavorada a qualquer pergunta nesse sentido feita por um turista curioso. E é importante tomarmos conhecimento disso porque, depois da CONFECON (Conferência Nacional de Comunicações), poderemos estar marchando a passos largos para um sistema de mordaça e confiscação da liberdade de expressão, do mesmo modo como ocorre hoje em Cuba, esta que trancafia em hospitais psiquiátricos de tortura quem ousa falar verdades inconvenientes.

Mas eu estava fechando esta edição de hoje quando recebi uma nota do Pe. Lodi, informando que inaugurou um blog intitulado “Extravio de Bagagem”, segundo ele, “para que todos possam acompanhar os acontecimentos e postar seus comentários”. O endereço do blog é este: http://extraviodebagagem.blogspot.com. Espero que o visitem! Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários e tradução: G. Salgueiro

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A estratégia das tesouras de Raúl Castro

O Notalatina hoje volta a falar de Cuba, do sofrimento dos seus dissidentes esquecidos do mundo, banidos dos noticiários da mídia cúmplice – nacional e internacional – porque “não dão Ibope”, não foram graciosamente adotados e cujo sofrimento ultrapassa qualquer limite de crueldade imaginável, mesmo nas mentes mais perversas. Me refiro à ilustre economista Martha Beatriz Roque Cabello e mais nove jornalistas independentes, que jamais foram motivo de preocupação de qualquer blog da moda e que padecem como ninguém por defender os mesmos princípios que nós defendemos. Agora Martha está à beira da morte mas, quem se importa com isso, a não ser os que a acompanham e acompanham o seu trabalho há décadas?

Antes, porém, quero transmitir aqui um apelo do estimado Padre Lodi, para o qual peço a valiosa ajuda dos amigos e leitores, sobretudo os que vivem em Portugal. Trata-se de uma bagagem enviada por ele pela TAP e que foi extraviada, contendo material de trabalho e estudos importantíssimos para sua tese de doutorado. Mesmo que não fosse coisa tão importante, o simples fato de ser de sua propriedade lhe dá o direito de recebê-lo, sobretudo porque deve ter-lhe custado muito caro esse envio. A TAP está se fazendo de tonta para ver se ele esquece mas nós podemos pressionar esta empresa de aviação a que encontre e entregue os pertences do Pe. Lodi, pois isto é um dever dela e um direito dele. Segue abaixo a solicitação dele e em seguida volto ao tema de hoje.

Prezado amigo pró-vida

Peço sua ajuda para recuperar dois dos seis pacotes perdidos pela TAP Cargo, contendo livros e importante material bibliográfico para minha tese de doutorado em Bioética.

A tragédia ocorreu assim:

Estava em Roma visitando bibliotecas e fotocopiando livros e artigos, a fim de levá-los ao Brasil e elaborar a tese de doutorado.

No dia 6 de novembro remeti de Roma para Brasília pela TAP Cargo (um serviço de transporte de cargas da TAP) seis pacotes, pesando ao todo 88 kg, contendo livros, fotocópias e uma impressora que usava nos trabalhos escolares.

Essa carga foi remetida com muita antecedência, no dia 6, para que, quando eu chegasse ao Brasil, no dia 11, pudesse apanhá-la no aeroporto de Brasília.

Quando cheguei a Brasília no dia 11, dirigi-me ao escritório da TAP Cargo e recebi a trágica notícia de que, dentre os seis volumes que partiram de Roma, apenas quatro haviam chegado a Lisboa. Dois haviam sido extraviados. Mas nem sequer os quatro que não se perderam foram enviados ao Brasil. Permaneceram - e permanecem até hoje - em Lisboa.

A TAP Cargo pediu meus contatos e disse-me que avisaria tão-logo tivesse notícias da bagagem extraviada.

Infelizmente, parece que a TAP Cargo se esqueceu do assunto. Nunca tomou a iniciativa de entrar em contato comigo, seja para dar informações, seja para oferecer alguma perspectiva de solução.

Peço que você envie uma mensagem à TAP Cargo solicitando providências para o caso. As sociedades empresariais costumam ser muito sensíveis ao clamor da opinião pública. Ao enviar sua reclamação, não se esqueça de mencionar o código de consignamento 047 97478636. É esse número que identifica a minha bagagem, que eu espero, com a graça de Deus, reaver.

Deus lhe pague pelo apoio.

O escravo de Jesus em Maria,

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Presidente do Pró-Vida de Anápolis

Telefax: 55+62+3321-0900

Caixa Postal 456

75024-970 Anápolis GO

http://www.providaanapolis.org.br

"Coração Imaculado de Maria, livrai-nos da maldição do aborto"

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Martha Beatriz é uma economista cubana, fundadora do Instituto de Economistas Independentes de Cuba e líder da Assembléia para Promover a Sociedade Civil. Martha foi presa pela segunda vez durante a “Primavera Negra de Cuba”, em março de 2003, sendo a única mulher condenada a 20 anos de prisão e confinada à Prisão de Mulheres “Manto Negro” em Havana, em uma cela isolada de segurança máxima. Aqui pode-se ler a súmula do processo condenatório, que insisto que leiam para conhecer os “argumentos” utilizados para condená-la e o material de sua propriedade confiscado dentro de sua residência, tidos como “peças do crime”.

Chamo a atenção, também, para este trecho do processo que informa acerca de sua testemunha de acusação (textualmente): “...conclusões que coincidem plenamente com o expressado no relato fático e na declaração de Aleida de las Mercedes Godinez que foi agente secreta do Departamento de Segurança do Estado infiltrada como funcionária do Escritório de Estatísticas do chamado Instituto de Economistas Independentes de Cuba e da Assembléia para promover a Sociedade Civil em Cuba”. Esta agente trabalhou no instituto dirigido por Martha Beatriz durante 13 anos como secretária, ouvindo conversas íntimas e confidenciais e retransmitindo para o órgão repressor. E como ela existem incontáveis outros agentes, se passando por dissidentes, falando a mesma linguagem, fazendo as mesmas críticas e queixumes, até a hora do bote final.

Depois de meses sem receber assistência médica para seus problemas de saúde, incluindo tonturas, paralisia do lado esquerdo do corpo, dores no peito, desorientação, vômitos, diarréia e sangramentos pelo nariz, e graças à pressão internacional, Martha foi finalmente transferida para o Hospital Militar Carlos J. Finaly em Havana, em agosto de 2003, onde foi diagnosticada com diabetes e outros problemas graves. Diante do debilitamento de sua saúde, Martha foi excarcerada em 22 de julho de 2004, mas sua condenação de 20 anos de cárcere permanece vigente, ou seja, ela vive com uma “licença extra-penal por motivos de saúde”, como outros tantos presos-políticos que foram libertados da prisão em circunstâncias semelhantes.

Martha, já em sua casa, resolveu criar um blog para publicar todo tipo de informação, artigos, denúncias e reflexões que, com risco de sua própria vida, continuam saindo de sua mesa de trabalho em Havana. O endereço do blog é este: http://marthabeatrizinfo.blogspot.com/. Também em decorrência dessa “liberdade” Martha Beatriz criou a Rede Cubana de Comunicadores Comunitários, cujos jornalistas reportam os problemas pelos quais atravessam os cidadãos cubanos que não têm uma atividade político-partidária a favor ou contra o regime, mas que padecem os abusos ou a perseguição das autoridades. O trabalho da Rede é reportado para um blog que foi adquirindo prestígio pela objetividade da informação e, ao mesmo tempo, granjeando o ódio e a perseguição por parte do regime contra os jornalistas da entidade.

Desde o dia 10 de outubro, nove jornalistas cubanos e mais Martha e Vladimiro Roca, diretores da organização, encontram-se privados da liberdade, cercados pela polícia política na casa de Vladimiro Roca Antúnez em Havana.

O conflito começou com ameaças de um oficial da Segurança a Martha e com o confisco da máquina fotográfica de um dos jornalistas da entidade, alegando que não devolveriam seu equipamento porque iam realizar “uma perícia”, pois havia mais duas fotos além das que ele havia declarado. Que delito tão grave! No dia seguinte a este fato os onze se reuniram na casa de Vladimiro Roca para protestar pelo ocorrido. Eram apenas 11 pessoas desarmadas e pacíficas que queriam apenas que uma máquina fotográfica fosse devolvida a seu proprietário. A casa foi imediatamente cercada pela Segurança do Estado que interceptou ao menos 36 pessoas que se dirigiam para lá para se solidarizar com eles. Grupos dissidentes de toda a Ilha apoiaram o protesto, mas isto não é do interesse da mídia brasileira, afinal, Martha Beatriz não tem marketeiros à sua disposição; ela possui apenas a coragem de uma guerreira, sua integridade de caráter e sua honestidade.

Outros fatos degradantes seguiram-se a esse acosso. Os familiares dos jornalistas foram procurados pela polícia política para obrigá-los a pressionar os manifestantes a “desistir de sua posição”. A filha da jornalista Niurka de la Caridad Ortega Cruz, de 15 anos, foi expulsa do colégio por causa das atividades de sua mãe e a filha de Elizabeth de Regla Alfonso Castellanos foi interrogada na rua pela polícia. Durante cinco dias a polícia usou alguns estudantes de uma escola primária e de uma secundária básica próximas da casa, para que fustigassem os jornalistas insultando-os, jogando pedras e fazendo gestos obscenos com as calças abaixadas. Outros estudantes passaram correndo pela frente da casa, com medo de serem agredidos, pois a polícia lhes disse que aquelas pessoas que se manifestavam na casa de Vladimiro eram terroristas.

No dia 14, quando Vladimiro saiu para conseguir alguma comida para o grupo que se encontrava retido em sua casa, foi novamente agredido por esses grupos e um homem disse que ele seria apunhalado. O “terrorismo” que esses onze opositores praticavam se resumiam a cartazes que eles seguravam a princípio na frente da casa (depois foram forçados a entrar por causa das agressões físicas violentas) e que diziam: “SOMOS CUBANOS. EXIGIMOS NOSSOS DIREITOS”; “O POVO NECESSITA O QUE LHE PROMETERAM”; “NÃO DIREITOS – NÃO PESSOAS”; “LIBERDADE, LIBERDADE, LIBERDADE” e “VAMOS RESISTIR”.

Em um Comunicado emitido à comunidade internacional o grupo faz um chamamento para a grave situação que estão passando estes dissidente. Nele, além do que já foi relatado acima, eles denunciam que esses “Mitines de Repúdio” chegaram a durar até 7 horas diárias e que foram trazidas pessoas até de ônibus para pressioná-los e intimidá-los. Grupos que chegaram a ter até 200 pessoas, utilizavam-se de crianças para proferir palavras e gestos obscenos, ameaças verbais, jogaram ovos, paus, pedras, preservativos cheios de líquido. Nesta turba encontram-se vários oficiais da Segurança do Estado, não só instigando mas também participando das agressões.

25 dias este grupo permanece protestando pelos direitos mais elementares de todos os cubanos – e não apenas de si próprios – mas estão ameaçados de não poder sair da casa para comprar comida porque são agredidos a pedradas na rua. A luz, o gás e a eletricidade foram cortados. Fotos deste episódio nefasto que ainda não acabou e piora a cada dia, podem ser vistas aqui.

No dia 10 de novembro os membros da Rede Cubana de Comunicadores Comunitários resolveram fazer uma grave de fome e emitiram um comunicado onde responsabilizam o Estado cubano pelo que possa acontecer às suas vidas. Martha Beatriz é diabética e este jejum (apenas toma água) pôs em risco sua delicada saúde. O marido de uma das jornalistas é medico e a examinou, dizendo que apesar dos desmaios e da fraqueza que a mantém na cama, seu quadro é “clinicamente estável mas que essa estabilidade poderia mudar e, além disso, não se podia fazer provas laboratoriais para medir o nível de açúcar no sangue”. O padre de sua paróquia foi chamado e lhe deu a Extrema Unção, pois não se sabe até onde esta guerreira vai resistir.

Apesar deste fato ter sido divulgado até pelo jornal El Nuevo Herald, não se ouve uma mísera palavra de apoio de grupos que se auto-intitulam de “direitos humanos”, nem dos “blogs dissidentes”. Nem da “Anistia Internacional”, nem da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) que age com muita celeridade para condenar o “embargo norte-americano” a Cuba mas não enxerga que o pior embargo é aquele imposto pelo maldito regime a seus cidadãos, como fazem agora com estes legítimos opositores. O ditador hereditário Raúl utiliza a estratégia das tesouras: enquanto “tolera” que alguns blogs novatos divulguem as mazelas da Ilha e até permite manifestações públicas, dando a falsa ilusão de que está começando uma abertura política, continua com mão de ferro esmagando a verdadeira oposição.

No dia 10 de novembro a Rede emitiu uma nota de imprensa informando do jejum e explicando seus motivos. Preferi traduzi-la abaixo para que seja lida na íntegra e para que se conheça o que é DE FATO ser perseguido por ter idéias diferentes e ter a ousadia de se crer um cidadão livre como qualquer outro filho de Deus. Divulguem, para que todos possam conhecer aquela realidade omitida, escondida, negada, menosprezada. Fiquem com Deus e até a próxima!

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JEJUM VOLUNTÁRIO – NOTA DE IMPRENSA

Os membros da Rede Cubana de Comunicadores Comunitários, resistentes na casa situada em 36, nº 105, entre 41 e 43, Nuevo Vedado, para exigir seus direitos e os do povo, infringidos por um governo que detém o poder, queremos dar a conhecer que a Polícia Política, mão negra da ditadura totalitária, intensificou com seus controles sobre as únicas duas linhas de possibilidade de pequenos fornecimentos que tivemos em todo este tempo, 33 dias de resistir a repressão, ameaças e intimidações de todo tipo, provados através de fotos, gravações e vídeos, localizáveis na Internet no blog: http://redcubanacc.blogspot.com.

Esta última arremetida tem como objetivo nos render pela fome, já que não puderam dobrar a vontade dos que nos encontramos resistindo. O governo cubano demonstrou uma vez mais seu caráter violador dos direitos do povo, exercendo pressão inclusive sobre pessoas não vinculadas à oposição interna.

Nos próximos dias, este grupo de comunicadores se verá forçado a fazer jejum, o que implica ingerir liquido sem açúcar, utilizando para isso a vegetação do jardim da casa onde se leva a cabo o plantão. É por isso que decidimos – a partir de hoje – começar um jejum voluntário, antes que se submeter aos desígnios do regime.

Alguns dos membros do plantão, devido a suas enfermidades crônicas, não poderão resistir muito tempo a esta falta de alimentos, pelo qual responsabilizaremos o governo cubano pelo que possa suceder nos próximos dias aos membros da Rede que se encontram nesta situação.

Assinam: Elizabet de Regla Alonso Castellanos, Zoila Hernández Diaz, Heriberto Liranza Romero, Yasmany Nicles Abad, Yuniet Reina Hernández, Armando Rodríguez Lamas, Martha Beatriz Roque Cabello y Lazaro Yuri Valle Roca.

Cidade de Havana, 10 de novembro de 2009.

Comentários e tradução: G. Salgueiro