quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Últimas notícias de Honduras

Há tempo minha amiga Celina, proprietária do blog “O Emunctório”, insiste para que eu disponibilize uma conta bancária para que pessoas que admiram e respeitam meu trabalho possam fazer doações. Sempre resisti a isso porque aqui no Brasil as pessoas não são muito dadas a esse tipo de caridade, e depois porque, com a soberba que é inerente à nossa gente, quando você contribui financeiramente para alguma coisa, sente-se um pouco “dono” dela ou com “direitos” sobre ela. E se há uma coisa que eu prezo acima de todas as outras, é a minha liberdade de escolhas, de poder dizer o quê e como quero, sobretudo neste espaço.

Entretanto, Celina não é a única nem a primeira pessoa a me sugerir tal coisa. Quando estive com Alejandro Peña Esclusa em abril passado, no encontro da UnoAmérica no Rio, ele ficou pasmo quando soube que eu não recebia nenhuma remuneração de ninguém para realizar este trabalho informativo. Vivo apenas com a minha aposentadoria e, vez por outra, aparece alguma tradução bem remunerada mas isto também é raro porque no Brasil a prática é se obter mais por menos, ou seja, querer um bom trabalho a um precinho irrisório. Então, resolvi aceitar a proposta e disponibilizar aqui - para aqueles que queiram, espontaneamente e sem qualquer contra-partida, fazer uma doação – os dados de minha conta onde podem ser feitos os depósitos. Fico desde já muito grata aos que quiserem colaborar, mas com a certeza de que não estou pedindo nada, apenas aceitando ajuda voluntária e desinteressada.

BANCO REAL – Código da Agência 356

Agência 1059

C/C 8002856-7

CIC: 103.261.624-53

Maria das Graças de Arruda Salgueiro

Mas antes de falar sobre a situação de Honduras, conforme eu havia prometido, quero dar um aviso importante que acabou de me passar o Alejandro Peña Esclusa. Ele foi entrevistado hoje por telefone, daqui do Brasil, e essa entrevista pode ser ouvida hoje entre 7 e 9 pm. (hora do Brasil), num programa que se chama “Brasil ao dia” ou algo similar, através da estação de rádio AM, Rádio Cultura, ou pela Cultura FM através do site www.tvcultura.com.br.

Voltando ao tema de Honduras e essa espúria participação do governo brasileiro no ilegal oferecimento de sua embaixada para acolher um foragido da justiça e sua horda de vagabundos. O Sr. da Silva e seus acólitos, Marco Aurélio Garcia (MAG) e Celso Amorim, não se cansam de repetir que “foi uma surpresa” a chegada de Zelaya na Embaixada em Honduras e que eles ofereceram apoio por uma “questão humanitária”. Estes infelizes são mentirosos contumazes e subestimam a inteligência alheia, pensando que o velho e surrado bordão do “eu não sabia”, que caracteriza a gestão do atual inquilino do Planalto, iria ser aceito como a expressão da mais cristalina verdade. Nem uma criança de 5 anos acredita que um sujeito que está sendo procurado pela Justiça bata na porta dos amigos e simplesmente diga: “Oi, posso ficar aqui por uns dias sem ser incomodado?” Ora, façam-me o favor!

No artigo “Brasil: opção preferencial pela ilegalidade – parte 2”, que escrevi recentemente, eu afirmei que esta ação havia sido planejada no último Encontro do Foro de São Paulo (FSP) e apresentei a prova, através do link pertencente à Resolução Final. Completo minha afirmação com uma nota escrita por Valter Pomar, Secretário de Relações Internacionais do FSP, que é um resumo daquilo que ficou acordado nesse encontro. Diz ele no artigo:

Apoiar, convocar e mobilizar contra o golpe em Honduras e pela imediata e incondicional restituição do presidente Zelaya”.

Além disso, o conceituado jornalista venezuelano, Nelson Bocaranda, em sua coluna de hoje afirma que este planejamento é de fato antigo e foi proporcionado por MAG e Ramón Rodríguez Chacín, aquele mesmo que é amigo das FARC e que mantinha contatos e entregava armas aos terroristas dentro do Fuerte Tiuna, que é onde funciona o Ministério da Defesa venezuelano. Lembram dele? Bem, prefiro traduzir o que diz Bocaranda para que nenhuma palavra se perca sobre este dado importantíssimo:

“O capitão Ramón Rodríguez Chacín maneja a informação de [que há] três caminhos pelas fronteiras hondurenhas que vinha utilizando desde a expulsão do presidente do chapéu. Esses caminhos contam com a colaboração de sandinistas nicaragüenses, indígenas guatemaltecos e membros do FMLN salvadorenho. Recentemente, um alto funcionário do governo brasileiro (Marco Aurélio Garcia?) pediu ao Governo para ver a possibilidade de que lhe ensinasse essas rotas, pois eles estavam montando um plano para trazer Zelaya de volta a seu país.

A Venezuela lhe deu a informação, porém não participou diretamente no plano. Chávez sabia, porém não estava informado no momento pelo temor brasileiro de que desse com a língua nos dentes. Três escoltas de Zelaya são venezuelanos. Para seu regresso levou-se só um, que permanece a seu lado. Ao cruzar a fronteira informaram ao presidente Lula, pois o objetivo era colocar Mel na sede da ONU em Tegucigalpa e assim converter o caso no tema principal da Assembléia Geral e conseguir essa pressão mundial para restituí-lo ao poder.

Alguém telefonou para Chávez e este, para dar a notícia em primeira mão, disse que Zelaya estava na sede da ONU. Isto fez com que ante a afluência de seus seguidores, jornalistas, policiais e militares ao lugar, os brasileiros encarregados da operação decidiram “jogá-lo” em sua embaixada e criar o caos – menos esperado – nos palácios brasileiros do Planalto e do Itamaraty. O que Chávez não sabia é que os Estados Unidos estavam a par da sigilosa manobra em combinação com Lula.

Por isso a imediata declaração da secretária Clinton com o presidente Arias. O aborrecimento de Lula foi grande porque o resultado saiu diferente do planejado. A diplomacia é para tirar exilados, não para metê-los nas embaixadas. Soube-se que foi preciso pressionar muito Zelaya – “em muitas oportunidades” – para que decidisse cruzar a fronteira escondido, pois seus temores cresceram na medida em que se aproximava a hora. Esteve a ponto de desistir do intento”.

Bem, não resta dúvida de que se a política do “eu não sabia” antes nunca convenceu ninguém, agora foi desmascarada e a suposta inocência foi jogada por terra.

Lula não se deu conta de que o tiro lhe saiu pela culatra porque, em primeiro lugar, sua atitude é absolutamente ilegal, irresponsável e criminosa, pois ao oferecer guarida a um foragido da Justiça, ele torna-se cúmplice do crime. Depois, se ele não reconhece o Governo de Micheletti como legítimo e tirou seu embaixador de Honduras, aquela casa é apenas um casa pertencente a brasileiros mas sem qualquer autoridade, moral, jurídico e constitucional, de tomar a mais mínima atitude em defesa de nenhum hondurenho, seja ele quem for.

Ademais, o interesse na escolha desta data foi estratégico porque Lula quer de qualquer maneira conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e estupidamente acreditou que com este “gesto heróico” iria conseguir a aprovação de todos. Deu com os burros n’água, como se diz por aqui. Outra coisa que ficou clara nessa reunião da ONU, foi o motivo da preferência pelos Rafale franceses. Em seu discurso de ontem, Sarkozy defendeu enfaticamente a entrada do Brasil no Conselho de Segurança, mas o caos criado pela chegada intempestiva de Zelaya acabou gerando o efeito contrário; mesmo os mais recalcitrantes esquerdistas que compõem a ONU não viram com bons olhos o papel ridículo, inoportuno intromissivo de Lula em Honduras, e dificilmente darão seu voto a favor do Brasil. Entretanto, tudo pode mudar pois ali muita coisa está à venda, até consciências...

Quanto à situação de Honduras em si, estou recebendo informações de um cidadão hondurenho que me informa os fatos como estão ocorrendo, e não as versões que estamos vendo ser divulgadas pelos jornalões brasileiros. No informe que me enviou nessa madrugada, ele deixa claro aquilo que os jornais hondurenhos têm mostrado e que são muito diferentes do que sai aqui no Brasil. Na “Bolha de São Paulo” de hoje, por exemplo, saiu na capa uma foto de um homem no chão tendo ao fundo uma fileira de policiais. Na nota sobre essa foto, a “Bolha” diz que aquela é a imagem de um “manifestante agredido por bala de borracha arremessada pela Policia”. Eu vi a cena pela televisão, coincidentemente duas vezes, e posso afirmar que não é verdade o que afirma o jornal. O sujeito atirou algo como uma pedra na Polícia e depois correu. Na carreira, tropeçou nos próprio pés e caiu no chão, e foi este momento que o fotografo captou para manipular a informação de forma cínica e mentirosa.

E para finalizar, transcrevo abaixo a nota que este senhor hondurenho me enviou de madrugada, pois ele é uma testemunha ocular dos fatos. Quanto ao vandalismo que está ocorrendo (agora mais controlado), nada melhor do que as fotos constantes deste especial multimídia do jornal “La Prensa”, de Honduras, que encontrei no site do Heitor De Paola, ainda o melhor site informativo sobre os eventos de Honduras. Como vocês poderão ver e ler no relato deste senhor, são os seguidores do golpista Zelaya, insuflados por ele desde a Embaixada Brasileira, os que “falam” de paz e conciliação enquanto depredam, saqueiam, agridem, destroem tudo o que vêem pela frente. Não são assim os comunistas e terroristas do mundo todo? Vejam as FARC, o MST, os Piqueteros argentinos, etc.

Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários e traduções: G. Salgueiro

“Continuam em Honduras as turbas zelaystas fazendo das suas. Grupos pequenos por aqui e por ali, tratando de cobrir com sua pouca gente o maior número possível de grupos para que se vejam manifestações por toda a cidade. Aparentemente os objetivos dos distúrbios não são objetivos políticos; são antes objetivos vandálicos, já que se perpetraram contra estabelecimentos comerciais nos quais saqueiam víveres e outros insumos, como eletrodomésticos. Esta tarde (23.09) os chamados membros da resistência incursionaram em uma das igrejas mais emblemáticas do país, a catedral de Suyapa. Pintaram paredes e ultrajaram o sacerdote que se encontrava lá nesse momento.

A policia tem permanecido paciente, entretanto, tem tido que atuar para proteger os bens das pessoas. Produto disto, lamentamos a morte de duas pessoas, de acordo com um informe da Polícia Nacional. Um deles morreu em um hospital depois de ser ferido em um enfrentamento com a polícia que os quis deter quando saqueavam um supermercadinho em um bairro da periferia da capital; e o outro que ainda não se determinou as causas reais de sua morte. A polícia deteve a não menos de 20 pessoas, as quais foram encontradas em posse de eletrodomésticos que haviam sido roubados em um estabelecimento saqueado.

Zelaya continua na Embaixada do Brasil, a qual tem resguardo policial em todos os seus acessos. Os serviços foram restabelecidos no edifício e se permite que o pessoal da embaixada volte com alimentos para os que estão dentro.

O toque de recolher será suspenso amanhã (hoje, 24) às 6:00 am, e a população se reintegra a seus trabalhos a partir das 8:00 am. Bancos, instituições governamentais, indústrias, comércio, serviços, instituições municipais, iniciam seu horário da jornada laborativa.

Na reunião da ONU, Lula está pressionando para que se efetue uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, na qual se espera que peça a intervenção dos “cascos azuis” em Honduras, devido à “repressão” que o povo hondurenho sofre. O governo de Micheletti está consciente disso e pediu à polícia que atue na salvaguarda dos bens e das vidas das pessoas, porém que seja tolerante. Tudo isto se desenvolve na capital da República, Tegucigalpa. O resto do país se encontra em absoluta calma”.

Manifesto Público

Acabo de receber de um correspondente em Honduras, este manifesto abaixo - em espanhol e português - escrito pela colônia brasileira residente naquele país. Como nós, eles também repudiam a intervenção absolutamente irresponsável e ilegal do Brasil na situação interna de Honduras, quando ofereceram sua Embaixada para abrigar um fugitivo da Lei.

Mais tarde haverá outra atualização do Notalatina, com notícias sobre Honduras e informações bastante reveladoras da atuação do Eixo do Mal Latino-Americano, comandados desde o Foro de São Paulo.

Peço àqueles que concordarem com o Manifesto que divulguem amplamente por suas listas de contato e que façam chegar ao Itamaraty e à Embaixada do Brasil em Honduras.

Que Deus nos proteja a todos e até mais tare!

Comentários: G. Salgueiro



Manifiesto Publico

Nosotros brasileños(as) que constituimos junto a nuestras familias residentes la colonia brasileña de San Pedro Sula, Honduras a la comunidad nacional e internacional hacemos saber:

1) Que lamentamos y nos avergüenza profundamente la actitud de nuestro ministro de relaciones exteriores Celso Amorim, al permitir la presencia del señor Manuel Zelaya en la sede de la embajada de Brasil en Tegucigalpa.


2) Que repudiamos enfáticamente las acciones unilaterales del Itamarati que han marcado un retroceso en las relaciones diplomáticas entre Brasil y este digno pueblo y actual gobierno hondureño.


3) Que lamentamos todas las acciones no diplomáticas que están provocando, no solamente que Brasil quede impedido de cumplir su liderazgo a la resolución pacífica del conflicto interno hondureño, sino que también pone en directo peligro a la representación diplomática , a nosotros residentes brasileños en Honduras, a empleados de la embajada, a los vecinos de la sede diplomática y a los ciudadanos de otras nacionalidades al asistir a gestionar trámites ordinarios en nuestra embajada debido a que tienen un escudo humano armado en torno de la figura del Sr. Zelaya quien infelizmente fue “hospedado” por el Itamarati en nuestra embajada en Tegucigalpa.


4) Que repudiamos enfáticamente este apoyo del gobierno brasileño a la agenda chavista en contra de este humilde pueblo que nos ha abierto las puertas para hacer buenos negocios en un clima que hasta ayer era de paz, donde conseguimos ver crecer nuestros hijos en convivencia digna y fraternal con los hondureños.


5) Que hacemos directamente responsable al gobierno brasileño por cualquier consecuencia negativa, represalia o atentados a nuestras vidas, empresas, residencias y propiedades que puedan eventualmente ocurrir como resultado de este abuso de poder sin precedentes en la política exterior de Brasil.


6) Que exhortamos a que se tomen las medidas correctivas necesarias lo más brevemente posible para que el Sr. Zelaya no siga usando nuestra sede Diplomática para actos de sedición y provocando a la insurgencia.


7) Que finalmente exhortamos al gobierno de Brasil a que respete y se apegue a los más elementales principios de neutralidad, no injerencia y cooperación para la resolución de los conflictos internos de esta noble Nación Hondureña que sólo quiere desarrollarse en Paz, Orden y Progreso.

Manifesto Público

Nós, brasileiros (as) que formamos com os nossos familiares residentes a colônia brasileira de San Pedro Sula, Honduras, à comunidade nacional e internacional, fazemos saber:

1) Que lamentamos e nos envergonhamos profundamente pela atitude do nosso ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, ao permitir a presença do Sr. Manuel Zelaya, na sede da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
2) Que rejeitamos enfaticamente todas as ações unilaterais do Itamarati que marcaram um retrocesso nas relações diplomáticas entre o Brasil e o digno povo e atual governo de Honduras.


3) Protestamos veementemente por todas as ações não diplomáticas que estão causando, não só que o Brasil seja impedido de cumprir a sua liderança para a resolução pacífica do conflito interno em Honduras, mas também coloca em risco a representação diplomática direta, a nós brasileiros residentes em Honduras, aos funcionários da embaixada, aos vizinhos da embaixada e aos cidadãos de outros países que realizam procedimentos comuns na nossa embaixada, porque eles armaram um escudo humano em torno da figura do Sr. Zelaya, que infelizmente foi "hospedado” pelo Itamarati em nossa Embaixada em Tegucigalpa.


4) Que repudiamos veementemente o apoio do governo brasileiro à agenda de Chávez contra este pais humilde, que nos abriu as suas portas para fazer bons negócios em um clima que até ontem era de paz, onde vemos os nossos filhos crescer com dignidade e em fraterna convivência com os hondurenhos.
5) Que fazemos diretamente responsável ao governo brasileiro pelas eventuais consequências negativas, pelas represálias ou ataques em nossas vidas, empresas, residências e propriedades que possam acontecer como resultado desse abuso de poder sem precedentes na política externa do Brasil.


6) Exigimos que tomem medidas corretivas o mais breve possível para o Sr. Zelaya não continuar usando nossa embaixada para atos de sedição e chamando à insurgência.


7) Que finalmente pedimos ao governo do Brasil que respeite e se apegue aos mais elementares princípios da neutralidade, não injerência e de cooperação para a resolução de conflitos internos desta nobre Honduras, nação que só quer se desenvolver em Paz, Ordem e Progresso.


Pon tu Nombre:


Cristina Aguiar Moraes de Castillo
Rigoberto Castillo Rodríguez
Aline Castillo Aguiar
Aliane Castillo Aguiar
Graça Salgueiro


Si están de acuerdo reenvíenlo a sus familiares, amigos, conocidos y a la embajada de Brasil con la siguiente dirección: embajada@brasilhonduras.org